Má gestão deixa Saúde de Valença na UTI

Com cerca de 80 mil habitantes, o município de Valença, no interior do estado do Rio de Janeiro, recebeu – de janeiro de 2013 a junho deste ano – exatos R$ 103.421.197,62 de recursos federais, boa parte disso para o setor de Saúde, mas a realidade verificada nas unidades de atendimento localizadas nos bairros periféricos é a de uma doença que, em se tratando da administração municipal, passou a ser crônica: o abandono. A gestão que usa o dinheiro do setor para terceirizar mão de obra através de um contrato considerado irregular com a Cruz Vermelha, é a mesma que vem deixando faltar até os materiais mais básicos, como luva, esparadrapo e gaze. Medicamento? O que é isso? Assim o paciente já está querendo demais.

O caos na rede municipal de Saúde de Valença vem sendo denunciada desde maio do ano passado, quando o secretário Sérgio Gomes esteve na Câmara de Vereadores para prestar esclarecimentos e não explicou nada. Ele reconheceu que a situação era ruim e disse que em setembro as coisas seriam normalizadas. Chegou setembro, passou outubro, novembro, dezembro, entrou 2014, mais um setembro se aproxima e as coisas só vêm piorando, segundo tem sido constatado pelas visitas da Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores.

Segundo o vereador Silvio Graça, o descaso é muito grande e alguns postos só funcionam ainda por causa do esforço próprio dos funcionários. Ele diz isso citando como exemplo a Unidade Básica de Saúde de Osório, onde falta material e medicamentos, mas os servidores continuam trabalhando e, inclusive, fizeram um mutirão para improvisar um posto no vestiário de uma quadra de esportes, porque no ano passado a Prefeitura começou a reformar a UBS e parou as obras sem a menor justificativa.

“O que temos visto é que o descaso é o mesmo das unidades de Parapeuna, João Bonito e Jardim Valença. Em Osório o atendimento a cerca de mil famílias vem sendo prejudicado e a situação só não é pior porque os funcionários uniram forças”, afirmou Silvio Graça.

A realidade verificada na rede municipal de saúde de Valença já saiu dos limites dos debates, de transformou em denúncias no Ministério Público e até em ações populares, através das quais vários pontos vêm sendo questionados, mas, embora esteja no cargo há um ano e sete meses, o prefeito Álvaro Cabral, que é médico, não se pronunciou uma vez sequer sobre o problema e quando abre a boca é para reclamar da imprensa, das cobranças das lideranças comunitárias locais e dos questionamentos feitos no plenário da Câmara Municipal.

 

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Comentários:

  1. Os prefeitos se esquecem que o conselho municipal de saúde existe exatamente para ajudar, no tocante a saúde, para administrar.Mas, infelizmente, é inoperante e não divide responsabilidade com o executivo municipal.

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