Desse jeito salas de aula acabarão vazias na Baixada

Número de profissionais de ensino em licença médica aumenta a cada dia na região. Em Guapimirim o que preocupa são os atestados

Os profissionais das redes municipais de ensino das cidades que formam a Baixada Fluminense sãos os que mais reclamam dos baixos salários e das condições de trabalho e, são, também, os que mais licenças tiram. Novembro ainda está na metade, mas a Secretaria de Administração de Belford Roxo já concedeu este mês 63 licenças para tratamento médico, tendo registrado 53 no mês anterior. De acordo com levantamento feito junto às prefeituras, Belford Roxo é a cidade da Baixada Fluminense onde os professores mais adoecem. Nos 13 primeiros dias de novembro também foram concedidas três licenças sem vencimento, 11 licenças prêmios, duas para casamento e 11 licenças nojo (ausência do serviço permitida por até oito dias consecutivos, em decorrência de falecimento de parente do servidor). Para a psicóloga Ângela Maria Fagundes, a causa de tantos pedidos de licença para cuidar da saúde pode estar no stresse do dia a dia, uma carga de tensão que pode afetar a saúde de qualquer ser humano.

Amanhã mais de nove mil candidatos estarão fazendo provas buscando uma vaga de servidor público no município de Guapimirim e lá o que preocupa a médica do trabalho encarregada de avaliar as situações relativas a faltas dos servidores, é o grande número de atestados apresentados por professores. No município de Magé os pedidos de licença eram bem menores até 2011, bem como o volume de atestados médicos apresentados e isso, segundo afirmam alguns servidores, se devia mais aos rigores de quem geria a educação até agosto daquele ano do que propriamente a uma melhor saúde dos profissionais da área. “Antes o servidor tinha medo de quem governava”, diz uma professora aposentada que passou os últimos três anos de sua carreira como diretora e viu muitas colegas se esforçando para dar conta do trabalho mesmo em condições muito adversas.

Mergulhado numa crise financeiro-administrativa, o município de São João de Meriti é o segundo da região em reclamações e pedidos de licença para tratamento de saúde. A falta ao trabalho também é acentuada, em percentuais ainda superiores aos verificados em Duque de Caxias e Nova Iguaçu, cidades que tem uma clientela muito maior e, consequentemente, maior número de profissionaos de ensino. “Não vamos ser hipócritas para ignorar que há servidores e servidores. A maioria dos professores é formada de profissionais dedicados que fazem do exercício do magistério um sacerdócio, mas há também a turma do corpo mole, os que têm o estatuto dos servidores na ponta da língua e o interpreta de acordo com a sua vontade, mas para isso também existem leis e o corpo mole pode ser evitado por uma gestão mais atenta a essas situações”, diz o pesquisador Hugo Ferreira, funcionário público com mais de 30 anos de serviços, que também vê nas péssimas condições de trabalho e na falta de segurança em algumas unidades escolares causas de possíveis doenças a acometerem os profissionais de ensino.

Em Belford Roxo existem muitas reclamações de professores sobre a falta de empenho do governo municipal em melhorar as condições de trabalho, inclusive de negligência em relação a segurança dos educadores. Há ainda problemas com a clientela, situações em que o desinteresse do aluno pelo aprendizado e até mesmo as deficiências de cada um levam o professor a exaustão na tentativa infrutífera de ensinar. No bairro Shangri-la, por exemplo, há vários casos de estudantes especiais sem laudos em salas de aula, alguns com até 16 anos, que deveriam estar em turmas nas quais pudessem ser assistidos por profissionais específicos, mas a Secretaria de Educação não toma providências nesse sentido.

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Comentários:

  1. A estabilidade no serviço público é uma questão pétrea, mas não sei até que ponto isso ajuda na qualidade do serviço prestado. Vejo que concurso público não assegura uma educação melhor e em muitos casos o contratado corresponde melhor.

  2. Bom dia Elizeu Pires, sou professora de uma escola municipal de Belford Roxo e no ano passado tive de tirar licença para tratar da minha saúde, muito abalada por uma séries de fatores registrados no dia a dia de uma profissional de ensino nesse muniípio.

  3. Oi Elizeu! Estou no magistério a um ano e devido a um acidente, entrei de licença. Já conversei com muitos professores e constatei que a maioria dos profissionais estão com problemas psiquiátricos. Infelizmente, os professores não tem autonomia nas salas de aulas. O ECA, prejudicou bastante a intervenção dos professores, quanto à falta de limites de alguns alunos. O professor é acusado de não ter domínio de turma, de ser responsável por qualquer coisa ruim que aconteça na sala de aula …resumindo, está de mãos atadas, sobrecarregado e acaba pirando com tanto estresse.

  4. CONCORDO COM O AMIGO ALVABY OS CONTRATADOS TEM MAIS RESPONSABILIDADES. EM GUAPI HA PROFESSORES QUE MAL CHEGARAM JA ESTAO PEDINDO LICENÇA. FORA OS ATESTADOS MEDICOS FRALDADOS QUE SAO ENUMERAS. TINHA QUE HAVER UM PROCESSO ADMINISTRATIVO PARA AVERIGUAR ISSO.

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