Comendo no mesmo prato…

O vereador Abeilard Goulart (o primeiro, da esquerda para a direita), assinou pela instalação de uma CPI, mas está na lista dos que teriam nomeações na Prefeitura: aparece com 33 nomes

Doze dos 17 vereadores de Itaguaí tinham 229 indicados nomeados na Prefeitura de Itaguaí, inclusive parentes. PF quer saber de eram fantasmas

Pelo menos 12 dos membros da Câmara de Vereadores de Itaguaí estão na lista dos que indicaram pessoas nomeadas em cargos em comissão, os chamados CC, pelo prefeito Luciano Mota (sem partido). Mota foi afastado no mês passado por decisão da Justiça Federal e os cargos teriam sido distribuídos para garantir a base de sustentação de um governo que acabou marcado por um grande esquema de corrupção e fraude com os recursos públicos. Ao todo, de acordo com o que consta de inquérito aberto pela Polícia Federal, o Bloco dos Doze mantinha 229 nomeados na Prefeitura e, segundo as denúncias que resultaram na implosão do esquema, esses teriam recebido salários sem trabalhar. Na lista da PF o vereador que aparece com o maior número de nomeados é Roberto Espolidor Guimarães (SD), com 36 nomeações e o que menos teria indicado é Eliezer Bento (PSDC), com seis nomes. Pela lista, só a bancada do Solidariedade – formada por cinco vereadores – mantinha 114 nomeados.

Pelo que foi apurado até agora esses nomeados foram exonerados em dezembro do ano passado depois de uma operação da Polícia Federal na Prefeitura, mas 224 deles teriam voltado à folha de pagamento nos meses de janeiro, fevereiro e março deste ano. Na lista estão os nomes do presidente da Câmara, Nisan Reis (PSD), sobrinho do ex-prefeito Benedito Amorim, com 18 nomes; Mirian Pacheco (SD), 23; Márcio Pinto (SD), genro do ex-prefeito Otoni Rocha, 14; Genildo Ferreira Gandra (PDT), 24; Vicente Rocha (SD), filho do ex-prefeito Otoni Rocha, oito; Marco Aurélio Barreto (PT), 13; Carlos Eduardo Kifer Ribeiro (PP), 27; Silas Cabral (PV), 14; Eliezer Bento, (PSDC), seis; Abeilard de Souza Filho (SD), filho do ex-prefeito Abeilard Goulart, 33; Luiz Fernando de Alcântara (PRB), 13 e Roberto Espolidor Guimarães (SD), 36.

Dos 12 vereadores que aparecem nas denúncias feitas à Polícia Federal apenas o presidente da Câmara falou sobre o assunto até agora. Além das nomeações ele foi acusado de ter recebido em sua casa – durante os sete primeiros meses de 2013 – R$ 600 mil mensais, dinheiro que seria para distribuir a um grupo de vereadores. Ele negou as informações, diz que vai apresentar sua defesa oportunamente e que indicou dez pessoas e não 18. Ele admitiu ter conseguido a nomeação do sogro e que este recebia R$ 5 mil por mês e era seu motorista. Fora da lista das nomeações estão os vereadores José Domingos Bezerra (PDT), Jailson Barbosa (PRB), Jorge Luiz da Silva Rocha (PV), Noel Pedrosa (PTdoB) e Willian Cesar de Castro (PT).

Para algumas lideranças locais – por terem indicado mais de 200 pessoa para cargos em comissão na Prefeitura – esses vereadores participaram do governo e por isso não teriam legitimidade para apurar nada. “CPI e nada é a mesma coisa. As investigações estão sendo muito bem conduzidas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. CPI é jogo de cena político e quem de certa forma acabou comendo no mesmo prato não tem legitimidade para investigar nada”, disse uma liderança política local, apostando que 2016 deverá ser um ano de muita renovação na Câmara.

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