Lei para afastar prefeito seria “moeda de troca”

Pezão foi pego em inconfidência

Confissão de vereador mancha a história da Câmara de Casimiro de Abreu

“Nós não podemos deixar de votar essa lei. É a única moeda de troca que vamos ter com ele (o prefeito). É a única moeda de troca que nós temos”. Essas palavras saíram da boca do presidente da Câmara de Vereadores de Casimiro de Abreu, Alessandro Macabu, o Pezão (PSC), durante conversa reservada com alguns membros da Casa momentos antes de ele por em pauta, em segunda votação, um projeto de lei considerado inconstitucional que se, aprovado, autorizaria o Poder Legislativo a afastar o prefeito por até 180 dias, mesmo sem uma comissão processante ou culpa comprada.

Na conversa, que foi gravada em áudio e vídeo com o uso de um telefone celular, por um dos presentes à reunião, Alessandro deixou claro que a intenção era encostar o prefeito Antonio Marcos Lemos (também do PSC) na parede, chamá-lo “para uma conversa”. A inconfidência do presidente da Câmara foi confirmada em outra conversa – também gravada em áudio e vídeo -, essa com o chefe de Gabinete de Alessandro, Jairo Macacu: “Essa lei está sendo votada em relação ao prefeito não atender os vereadores, está sendo votada para ele chamar os vereadores para uma conversa mais íntima”.

Pelo conteúdo das gravações, que deverão ser encaminhadas ao Ministério Público nos próximos dias, a intenção seria mandar um recado direto ao prefeito e isso aconteceu no dia 1º de abril, quando o projeto de lei foi aprovado em primeira discussão pela maioria, recebendo apenas um voto contrário, o do vereador Lázaro Mangifeste, que apontou a inconstitucionalidade da matéria.

Recado dado, o presidente da Câmara protelou bastante a segunda votação, talvez esperando ser chamado para essa “conversa mais íntima”, mas como esse papo de pé de ouvido não aconteceu a segunda apreciação se deu na noite do dia 22 do mês passado, em sessão que ficou marcada pela revolta dos vereadores João Medeiros, Bruno Miranda, Rafael Jardim e Adair Abreu, o Kinha, pois para ser aprovada a lei dependia do sim de dois terços dos membros da Câmara, mas os vereadores Ademilsson Amaral, o Bitó, Luiz Ribeiro da Silva Junior, o Juninho, Odino Miranda e Lázaro Mangifeste votaram pela reprovação.

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