Itaboraí: futuro incerto e não sabido

Indefinição sobre o Comperj afeta vários empreendimentos, gera quebradeira entre os pequenos empresários e desemprego desenfreado

.Elizeu Pires

Dura realidade: obras paradas e desemprego. O movimento só é bom mesmo no Restaurante Cidadão

Há nove anos, quando a pedra fundamental do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) foi lançada em Itaboraí, falava-se na geração de 250 mil empregos diretos e indiretos, o que alavancaria o desenvolvimento não só do município sede, mas também de Guapimirim, Magé, São Gonçalo, Tanguá, Rio Bonito e Silva Jardim, que colheriam uma boa parte dos frutos do imenso “pomar” que se alastraria pela região.

O que se vê agora é um universo de pessoas desiludidas, desemprego e empreendimentos privados ameaçados. O Comperj estava orçado em US$ 6,5 bilhões e as obras tinham conclusão prevista para 2011. Hoje, por conta da corrupção e das paralisações, o projeto está 300% mais caro e a luta é para que pelo menos uma das refinarias entre em operação até 2017, quando a Petrobras pretenderia retomar as obras da unidade de processamento de gás natural.

De acordo com a estatal, as obras do Comperj não pararam, “apenas desaceleraram”. O problema é que a “desaceleração” está fazendo um estrago danado em Itaboraí, onde várias empresas fecharam as portas por falta de movimento, assim como muitas construções estão inacabadas. Segundo a Petrobras, 12.650 pessoas continuam trabalhando no complexo e o número de contratos grandes é de 19. A empresa, entretanto, não revela quando pretende iniciar as obras da segunda refinaria, uma vez que as empreiteiras contratadas estão sob investigação na Operação Lava Jato.

O anúncio do Comperj gerou um boom em Itaboraí. Grandes empreendimentos imobiliários começaram a surgir. Prédios comerciais e residenciais, um shopping e um hotel de luxo saíram do papel, mas só as obras do shopping foram concluídas. O hotel de 1,5 mil metros de área construída, divididos em 15 andares e garagem emperrou e não será concluído tão cedo, mas o Itaboraí Plaza Shopping – com 160 lojas, praça de alimentação e estacionamento para mil veículos -, que custou R$ 250 milhões está pronto e esperando pelos consumidores das cidades vizinhas.

Outro megaempreendimento que gorou com a incerteza do Comperj é o do complexo de apart-hotéis, lojas de conveniência, salas comerciais e um heliporto iniciado pelo grupo gaúcho  Intercity, na Avenida 22 de maio. Os apart seriam entregues este ano, mas a inauguração ficou para o próximo e apenas 10% das salas estão ocupadas. Se as edificações goraram, os alugueis e os valores dos imóveis caíram bastante. Dona da maior imobiliária da região, Erika Santos relata uma desvalorização de 30% a 50% no valor dos imóveis para vendas e aluguel e um encalhe na carteira de ofertas. Segundo ela, com o início das obras, o aluguel de um apartamento de dois quartos no centro da cidade oscilava entre R$ 2 mil e R$ 2,5 mil. Agora, o mesmo imóvel é locado por R$ 1,2 mil a R$ 2 mil.

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