Números de Guapimirim são tão confiáveis quanto o governo

Por conta de problemas na aplicação de recursos da Saúde o ex-secretário Eliel Ramos e o prefeito Marcos Aurélio Dias (centro) estão respondendo na Justiça por improbidade administrativa

Contabilidade mostra receita menor em 2015, mas as despesas não estão nada claras e os gastos empenhados divulgados não correspondem a 01% da arrecadação registrada

Do dia 1º de janeiro até ontem, segundo o sistema que registra a receita e as despesas da Prefeitura, o município de Guapimirim teve uma arrecadação líquida de R$ 121.970.890,81, R$ 17 milhões a menos que o registrado no mesmo período do ano passado, quando a arrecadação líquida chegou a R$ 139.349.085,05 nos 11 primeiros meses. O problema é saber como e em que os recursos estão sendo gastos, já que os empenhos somados no período revelados, incluindo todos os fundos, não chegam a R$ 1 milhão. Não dá para saber, por exemplo, como o Fundo Municipal de Assistência Social – cujo setor é comandado pela primeira dama Vanilda Santana da Silva, secretária de Assistência Social e Direitos Humanos – aplicou os R$ 401.761.60 que parecem no sistema como receita, contra um total empenhado de apenas R$ 92.20.

Pelo que sugerem as informações inseridas no sistema disponível para consulta dos contribuintes, os números do governo são tão inconfiáveis quanto à própria gestão na avaliação de moradores e lideranças comunitárias locais, pois apontam receitas fundo a fundo, mas não revelam com exatidão os valores já pagos e a quem efetivamente foi pago e, ainda, quais os credores irão receber até o final do ano, já que as contas precisam estar fechadas no dia 31 de dezembro e os números precisam bater. O fundo municipal com maior receita é o de Educação, que até ontem registrava uma arrecadação líquida de R$ 26.548.342,4, sendo cerca de R$ 23 milhões do Fundeb, recurso específico para remuneração de pessoal (mínimo de 60% do total) e manutenção de escolas (máximo de 40%). Porém, também até ontem, as despesas empenhadas do Fundo Municipal de Educação somavam apenas R$ 198.075,78.

Se os empenhos não estão claros na Educação a situação está pior no setor de Saúde, cujo fundo registrava ontem o total de R$ 5.777.179,19 em arrecadação líquida, estando empenhados apenas R$ 113.697,08, uma ninharia, comparados aos gastos reais do setor, que só com medicamentos e materiais gastou cerca de R$ 8 milhões no ano passado, embora só tivesse divulgado despesas empenhadas no valor  total de R$ 520.640,02.

O prefeito Marcos Aurélio Dias foi procurado ontem para falar sobre o assunto, mas a informação era de que ele não se encontrava na cidade.

Comentários:

  1. É nisso que deu a emancipação política de Guapimirim. Desmandos, incompetência, corrupção, prisões, manchetes policiais, etc.

    Alguém pode dizer que Magé também não fica e/ou ficou atrás, mas com a emancipação, surgiu a obrigação do pagamento de salários de prefeito, secretários, vereadores e todos os sectos que os rodeiam e que são pagos por nós. Procurem saber quanto custa por mês somente a Câmara de Vereadores de Guapimirim.

    Guapimirim nunca teve índices de IDEB e de IDH maiores que os de Magé e é daí que tiro minhas conclusões contrárias a emancipação. E discuto também com quem diz que Piabetá deve fazer o mesmo.

    Aos que votaram pela emancipação ainda com os ouvidos zunindo por causa do show do Elymar Santos, que durmam agora com o barulho que vocês mesmos criaram.

  2. Gente o que uma coisa tem a ver com a outra. Pegaram o bonde andando? Ninguém está falando e emancipação aqui. A autonomia administrativa já foi concretizada e não mudar[a nada ficar falando disso. O que precisamos discutir é a gestão.

  3. Caro Moraes, a emancipação de Guapimirim está totalmente inserida no contexto da matéria e serve de também de alerta para os que pregam a emancipação de Piabetá.

    Se hoje se está discutindo gestão, é porque lá atrás a população optou pela emancipação.

    Lhe pergunto Moraes, valeu a pena?

  4. Não questiono a emancipação política de Guapi, pois entendo que seria uma tendência natural. Afinal, quando a sede do município esquece seus maiores distritos, a tendência é o surgimento de líderes que induzem o povo a pedir a separação. Hoje está mais difícil, mas na época, diversas cidades foram criadas, muitas para capricho de alguns poucos, como foi o caso do fatiamento de Nova Iguaçu, que perdeu Mesquita, Japeri, Belford Roxo e Queimados. Um bom exemplo disso é Italva, que se emancipou de Campos e hoje é uma das cidades mais pobres do estado, junto com Japeri. Outro exemplo, mas que deu certo, é Quissamã, que se emancipou de Macaé, teve ótimos administradores e hoje é uma cidade rica, ainda recebendo uma fortuna em royalties, apesar da queda do preço do petróleo e da sacanagem que o Lula fez com o estado do RJ, além de contar com uma alta renda per capita. Voltando ao início, Magé nunca se preocupou com Guapi, que era o patinho feio. Daí a evolução…

  5. (cont.) Mas focando a matéria, realmente o apreço do Prefeito pela transparência é o menor possível. Valores empenhados e gastos não aparecem na Internet para conhecimento do público, para que críticas à gestão não sejam formuladas. Ou seria apenas incompetência e falta de conhecimento? Pelo baixo número de comentários aqui, pode-se ter a ideia de que o povo de Guapi não está nem aí para o que está acontecendo. E como eu já havia dito em outros posts, são quatro anos perdidos e serão mais quatro, caso se confirmem as terríveis opções que estão sendo articuladas para as candidaturas de 2016.

  6. Caro Leitor da Reta. Me permita discordar um pouco de seus comentários, que aliás, são sempre sensatos e educados.

    Os governantes de Magé que pouco se preocupavam com Guapi a época não são em nada diferentes dos governantes que estão por aí. E é daí que opino por não ter havido evolução alguma para nenhum dos dois lados.

    Estivéssemos juntos hoje, teríamos maior população, maior território e maior representação e força diante da classe nefasta de políticos que temos.

    Guapi nunca foi patinho feio com todas as belezas naturais que tem. Muito pelo contrário, sempre foi o distrito mais bonito e aprazível de Magé.

    Separação não é solução. Guapi é um dos exemplos junto com as outras cidades que você citou e que fique a lição para os moradores do 6º distrito, que volta e meia falam em emancipação.

  7. Você tem toda a razão quando diz que, sem a emancipação, seríamos maiores, mais fortes. Realmente Magé seria um município com mais de 200 mil habitantes, um das maiores extensões territoriais do estado, com capacidade de eleger uma bancada mais significativa tanto a nível estadual quanto federal. Contudo, por força da baixa escolaridade e do alto nível de carência financeira de nossa população, é muito provável que o prefeito eleito seja aquele que mais emprega pessoas na Prefeitura, aquele que mais pratica o nefasto assistencialismo e o que tem mais dinheiro para comprar votos (sim, eles são vendidos, porque existem muitos que compram) assim como os vereadores. Duvido que, a exemplo do que ocorre em algumas poucas cidades do Sul, a população vá às ruas para protestar pela falta de transparência, empreguismo, má gestão. Ou simplesmente cobrar do prefeito ou do vereador nas ruas da cidade. Político só funciona quando há pressão do povo, pois corre o risco de perder a próxima.

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