Desrespeito à vida em Valença

Por falta de remédios ex-enfermeira corre risco de morte 

Para o prefeito de Valença, Álvaro Cabral e o secretário municipal de Saúde, Sergio Gomes, a vida humana não deve valer nada. Pelo menos é a esse raciocínio que remete o drama vivido pela ex-enfermeira Selma Machado, que desde 2004 depende de remédios de uso contínuo para sobreviver. Ela é uma das dezenas de pessoas que precisam de medicamentos, tem direito a eles garantido por lei e sustentado por decisões judiciais, mas não os vem recebendo com regularidade. Selma, por exemplo, depende de quinze medicamentos, demora até dois meses para recebê-los, mesmo assim nunca mais que cinco deles. Para piorar sua situação, a consulta ao neurologista só acontece a cada seis meses. É quando ela consegue pagar, usando para isso as parcelas do décimo terceiro salário.

A má gestão do prefeito é debatida em praça pública, discutida nos bares da cidade e em acalorados discursos na tribuna da Câmara de Vereadores, mas os efeitos do caos ganham tom dramático é no dia a dia de quem depende do poder público para esticar um pouco mais a vida e não vem ganhando o mínimo de atenção. Realidade de diversas gestões municipais, a falta de fornecimento de remédio de uso contínuo aumentou “e muito” neste ano. “Eu sei que vem verba para o medicamento. Eu não sou boba porque eu trabalhei para o Ministério da Saúde. Eu sei muito bem que a verba que vem é grande, mas onde está essa verba?”, questiona Selma. diagnosticada com microangiopatia degenerativa, síndrome do pânico e depressão.

Ex-colega de trabalho do médico Álvaro Cabral, a ex-enfermeira não pode andar sozinha na rua. “Os médicos me disseram que, de uma hora para outra, eu vou esquecer tudo. Esquecer até quem sou eu, porque os remédios não vão me curar, mas vão dar uma sobrevida. Mas é assim, eu não consigo os remédios”, conta.

Segundo Selma, desde 2004 que ela tem direito de obter os remédios através da Secretaria de Saúde, a partir de processo movido pelo Ministério Público. “Sempre houve dificuldade para conseguir os medicamentos, mas piorou neste ano. Era difícil, mas a gente conseguia. Hoje a gente consegue menos que antigamente. Às vezes eu passo mais de dois meses sem conseguir nenhum ou eles dão cinco. O máximo de remédio que eles me deram este ano foram dez”, diz Selma, explicando que precisa de todos os remédios, porque um complementa o tratamento do outro.

Ela revela que mantém a casa sozinha e que, muitas vezes, conta com doações de remédios de amigos para dar continuidade ao tratamento, porque não tem condições de gastar mais de R$ 400 todos os meses com os medicamentos. Selma diz que durante a campanha eleitoral esteve com o hoje prefeito e ouviu dele a promessa de que o problema seria resolvido. “Ele me deu seu número pessoal e eu liguei por diversas vezes, enviei mensagens de texto para o celular dele e não recebi nenhuma resposta”, encerra a ex-enfermeira, que precisa fazer um exame de ressonância e não pode, pois não consegue marcá-lo pela Prefeitura e não tem condições de arcar com o custo na rede particular.

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