Folha de São Paulo denuncia que gravação de Joesley foi editada

Em matéria postada às 21h53 desta sexta-feira o jornal Folha de São Paulo revela que perito encontrou 50 cortes nos áudios divulgados pelo Ministério Público Federal. Leia o texto na íntegra

Uma perícia contratada pela Folha concluiu que a gravação da conversa entre o empresário Joesley Batista e o presidente Michel Temer sofreu mais de 50 edições. O laudo foi feito por Ricardo Caires dos Santos, perito judicial pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Segundo ele, o áudio divulgado pela Procuradoria-Geral da República tem indícios claros de manipulação, mas “não dá para falar com que propósito”. Afirma ainda que a gravação divulgada tem “vícios, processualmente falando”, o que a invalidaria como prova jurídica. “É como um documento impresso que tem uma rasura ou uma parte adulterada. O conjunto pode até fazer sentido, mas ele facilmente seria rejeitado como prova”, disse Santos.

Segundo disse à Folha a Procuradoria, a gravação divulgada é “exatamente a entregue pelo colaborador e sua autenticidade poderá ser verificada no processo”. “Foi feita uma avaliação técnica da gravação que concluiu que o áudio revela uma conversa lógica e coerente”, declarou a Procuradoria na noite desta sexta (19). A gravação não passou pela Polícia Federal, que só entrou no caso no dia 10 de abril. O áudio, feito pelo empresário na noite de 7 de março, foi entregue diretamente à PGR e é anterior à fase das ações controladas.

Em um dos trechos editados, o empresário pergunta ao peemedebista sobre sua relação naquele momento com o ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso pela Lava Jato. As duas respostas de Temer sofreram cortes.  O trecho na gravação divulgada permite o seguinte entendimento:  

“Tá… Ele veio [corte] tá esperando [corte] dar ouvido à defesa. O Moro indeferiu 21 perguntas dele… que não tem nada a ver com a defesa dele”

“Era pra me trucar, eu não fiz nada [corte]… No Supremo Tribunal totalidade só um ou dois [corte]… aí, rapaz mas temos [corte] 11 ministros”

Em depoimento posterior à PGR, Joesley disse que nesse momento o presidente dizia ter influência sobre ministros do STF. “Ele me fez um comentário curioso que foi o seguinte: ‘Eduardo quer que eu ajude ele no Supremo, poxa. Eu posso ajudar com um ou dois, com 11 não dá’. Também fiquei calado, ouvindo. Não sei como o presidente poderia ajudá-lo”, afirmou.

Em outro trecho cortado, o empresário, enquanto explica a Temer que “deu conta” de um juiz, um juiz substituto e um procurador da República, declara: “…eu consegui [corte] me ajude dentro da força-tarefa, que tá”.

No momento mais polêmico do diálogo, quando, segundo a PGR Temer dá anuência a uma mesada de Joesley a Cunha, a perícia não encontrou edições. O trecho, no entanto, apresenta dois momentos incompreensíveis, prejudicados por ruídos.

Em entrevista à Folha, outro perito, Ricardo Molina, que não fez uma análise formal do áudio, declarou que a gravação é de baixa qualidade técnica. Para ele, uma perícia completa e precisa obrigaria a verificação também do equipamento com que foi feita a gravação. “Percebem-se mais de 40 interrupções, mas não dá para saber o que as provoca. Pode ser um defeito do gravador, pode ser edição, não dá para saber.”

Para o perito judicial Ricardo Caires dos Santos, não há hipótese de defeito.

Procurada para comentar o assunto, a assessoria da JBS disse que a empresa não vai comentar.

Conforme revelou o Painel nesta sexta-feira (19), o Planalto decidiu enviar a peritos a gravação, desconfiando de edição da conversa. Comprovada a existência de montagem, o governo vai reforçar a tese de que Temer foi vítima de uma “conspiração”.

 

Comentários:

  1. A matéria é da Folha de São Paulo e o Elizeu deixou isso bem claro gente. Eu adorei saber disso, porque o MPF está louco para o PT voltar ao governo.

  2. [quote name=”Manoel Franco”]Pronto, o tão combativo Elizeu Pires agora está defendendo bandido.[/quote]
    Tem gente quem lê e não entende. Já sei, devem ser ligados ao PT, Rede, Psol e PC do B, partidos que passaram 13 anos batendo palmas para a a roubalheira de Lula e Dilma e agora querem rasgar a Constituição, antecipando o pleito de 2018 para elegerem Lula antes que ele seja preso.

  3. Não defendo o Temer. Se cometeu crime que seja responsabilizado, mas dentro da lei. A fita tem de ser periciada sim, só não sei se pela PF, porque essa já derrabou feio no caso da “carne estragada” que nunca existiu. Essa turma do MPF, quando pisa nas leis e tenta destruir o estado democrático de direito está mostrando que para essas estrelinhas cadentes da PGR, quanto pior melhor e aí o PT pode voltar ao poder tranquilamente.

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