Trabalhadores de cooperativa levam cano em Mesquita

Em novembro, trabalhadores fizeram o enterro simbólico do então prefeito, mas o protestou não gerou efeito

Instituição recebeu mais de R$ 200 milhões, mas saiu devendo

Os trabalhadores que prestaram serviços ao município de Mesquita através da Cooperativa de Profissionais de Serviços Gerais (Coopsege) durante a gestão do prefeito Gelsinho Guerreiro serão obrigados a recorrer à Justiça do Trabalho para receberem salários atrasados e verbas rescisórias. A instituição recebeu mais de R$ 200 milhões – cerca de R$ 70 milhões só no ano passado – e responde a ações trabalhistas em várias cidades onde atuou e ainda atua, foi a principal fornecedora de mão de obra temporária entre 2013 e 2016 e chegou a ser denunciada por irregularidades na contratação de pessoal e de ter “fantasmas” em sua folha de pagamento. Em maio do ano passado, foram encontrados em uma lista com 3.253 nomes enviada à Justiça 85 CPFs e 535 supostos contratados sem o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas da Receita Federal. A Coopsege é acusada de calote pelos trabalhadores.

Na semana passada o prefeito Jorge Miranda pagou os salários de novembro, dezembro e o décimo terceiro de todos os servidores efetivos, mas os trabalhadores que atuaram vinculados à cooperativa não receberam um centavo sequer, embora muitos deles estejam sem salário desde agosto de 2016. A responsabilidade pelo pagamento é da Coopsege, que, segundo os trabalhadores, não lhes dá nenhuma satisfação.

“Foram feitas denúncias à Justiça de que haveria pessoas recebendo sem trabalhar. O que sei é que eu e milhares de pessoas trabalhamos e muito e temos o direito de receber pelo nosso trabalho. Vamos buscar nossos direitos na Justiça. Quem vai nos pagar não interessa. Queremos é receber”, diz uma contratada da Coopsege que esteve lotada na rede de Saúde nos dois últimos anos da gestão de Guerreiro.

Ao todo, segundo revela o sistema de dados da Prefeitura de Mesquita, dos quase R$ 300 milhões gastos pela gestão anterior com terceirização de mão de obra através de cooperativas, R$ 215 milhões foram para a Coopsege, que apesar disto deixou os trabalhadores na mão. Em novembro 350 deles fizeram o enterro simbólico do prefeito e caminharam em manifestação pacífica por cerca de um quilômetro, mas o protestou não lhes trouxe nenhum resultado positivo.

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