“Grampo” revela nomes de políticos que teriam adotado o esquema. Eles negam

O município de Japeri foi sacudido com graves revelações sobre compra de votos registradas em escuta telefônica autorizada pela Justiça em inquérito aberto pelo Ministério Público que apurava outro crime e pode contribuir para inibir esquemas semelhantes no futuro. O “grampo” que flagrou uma mãe repreendendo o filho que confessou ter pago por pelo menos 50 votos nas eleições de 2016, expôs mais um lado sujo da política na Baixada Fluminense, onde há anos se sabe que o voto tem preço e é muito barato, por sinal, podendo custar R$ 50 ou uma cesta básica. Tentando se explicar diante da reprimenda que levava, o primeiro suplente de vereador da coligação “Mudar para avançar”, José Carlos de Souza (PT) não só se entregou como revelou que os quatro vereadores mais bem votados teriam comprado votos, entre ele dois colegas da aliança PSL/PT, pela qual José concorreu e obteve 652 votos.

A confidência de Zé Carlos, como o calouro em política é mais conhecido na cidade, vai servir para abertura de um inquérito, pois a promotora Julia Valente Moraes já disse que assim que receber a documentação vai pedir à Polícia Federal para investigar. A gravação é prova em processo que tramita na 28ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, ação judicial gerada pelas investigações sobre a atuação de uma quadrilha que comercializava documentos fraudados do Detran. O inquérito foi conduzido pelo promotor Marcus Vinicius Leite, que solicitou o encaminhamento do áudio para o Ministério Público Eleitoral para investigar abuso de poder econômico.

Na conversa gravada com autorização judicial José Carlos citou o presidente da Câmara, Wesley George de Oliveira, o Miga (PP) e os vereadores Alex dos Santos Silva Gonçalves, Helder Pedro (ambos do PSL) e Roberta Bailune (SD), atual secretária de Educação, que negam a prática.