Autoridades fecham cerco ao comércio de votos por milícias

Com mais de 2,8 milhões eleitores, a Baixada Fluminense sempre foi vista como um grande mercado de votos

Polícia Federal e Abin vão atuar contra controle do crime organizado sobre eleitores

O controle exercido pelo crime organizado sobre várias comunidades e as ações das milícias durante as campanhas eleitorais no Rio e nas cidades da Baixada Fluminense causaram no governo federal uma preocupação ainda maior com a segurança institucional e vários órgãos já trabalham sobre um relatório que aponta a influência criminosa em 850 zonas de conflitos e mapeia sessões de 19 zonas eleitorais no estado do Rio. De acordo com o documento, os criminosos controlam os votos em suas áreas de atuação, com um esquema que favorece políticos que aceitem pagar os valores cobrados pelas facções. Estima-se que pelo menos 30 vereadores teriam sido eleitos no ano passado em cidades fluminenses com votos conseguidos a partir deste esquema, inclusive no interior.  Para combater o controle a Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) vão trabalhar em conjunto.

A determinação do ministro da Justiça, Torquato Jardim, é inibir o controle do crime sobre os eleitores não só no estado do Rio, como em todo o país, embora a situação no território fluminense seja mais preocupante. “No Rio de Janeiro, o crime organizado está livre para eleger quem quiser. Já estão mapeados no TRE nas 850 zonas de conflito dentro das comunidades cariocas, quais são as seções eleitorais e quem ganha mais votos naquelas seções. Isto está documentado, é desafio para os serviços de segurança, para as eleições no ano que vem, no Brasil e no Rio de Janeiro em particular”, disse Jardim.

A cobrança de pedágio para quem pretende fazer campanha nas áreas sob o domínio do crime não é novidade no Rio, mas as atenções estão sendo maiores agora por conta das informações coletadas no pleito do ano passado. “No caso do Rio de Janeiro, a grande interrogação é o crime organizado. Hoje você chega na entrada de uma comunidade e diz eu quero tantos mil votos, está aqui o dinheiro. Você não entra, mas o voto vem. É assim que opera o crime organizado na política, em várias cidades”, completa o ministro.

Formada por treze municípios, a Baixada Fluminense tem atualmente – segundo registros da Justiça Eleitoral – 2.874.951 eleitores e controle das facções criminosas já foi mapeado em pelo menos seis cidades da região. O município com maior número de eleitores é Duque de Caxias (631.528), seguido de Nova Iguaçu (586.571), São João de Meriti (369.661), Belford Roxo (330.321), Magé (179.517), Mesquita (136.681), Nilópolis (133.918), Queimados (113.017), Itaguaí (90.523), Japeri (73.814), Seropédica (55.128), Guapimirim (40.406) e Paracambi (33.876).

 

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