Feita na casa de uma pessoa que teria recebido cópias das gravações que revelam esquema montado para comprar voto de vereador na Câmara
Paralelamente aos procedimentos do Ministério Público, a Câmara de Casimiro de Abreu vai analisar o pedido de abertura de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para apurar a denúncia apresentada pelo vereador Leilson Ribeiro da Silva, o Neném da Barbearia, de que dois membros da Casa e um empresário que tem contrato com a Prefeitura lhe ofereceram R$ 100 mil para que deixasse de comparecer à sessão do dia 11 de abril deste ano, na qual as contas do ex-prefeito Antonio Marcos Lemos foram aprovadas. Estranhamente Neném só procurou o MP na última sexta-feira (13), mesmo dia em que aconteceu uma operação de busca e apreensão na casa de uma pessoa a quem, supostamente, o denunciante teria confiado as gravações, cujas cópias ele entregou à Promotoria no ato de seu depoimento.
O pedido de investigação foi protocolado ontem (16) pelos vereadores Adriano Santos Lima e Ramon Gildade, com as assinaturas de ambos e a de Neném. A expectativa de que os vereadores de Ozilei Alves Moreira, o Lelei da Marmoraria (PSL) e Marcos Frese Miller, o Marquinho da Vaca Mecânica assinem o documento nesta terça-feira.
Ao todo foram entregues ao Ministério Público cinco arquivos em áudio, nos quais os vereadores Bruno Miranda e Rafael Jardim (presidente da Câmara) aparecem tentando convencer Neném a não comparecer à sessão, em troca do pagamento de R$ 100 mil, proposta que foi reforçada pelo empresário Wender Veloso, conhecido na cidade como Careca do Gás. Em seu depoimento ao MP Neném afirmou que o empresário dizia falar em nome do prefeito Paulo Dames, em cujo apartamento, em Niterói, o dinheiro seria entregue.
Se aplaudido pela iniciativa de ter procurado o Ministério Público para denunciar o esquema de corrupção, o vereador Neném da Barbearia já começa a ser questionado por ter esperado mais de dois meses para fazer a denúncia, já que fora ele mesmo quem fez as gravações, sendo que a última conversa, como ele mesmo revelou, aconteceu no dia 10 de abril, dois meses e três dias antes de seu comparecimento espontâneo ao MP.
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