Investigações apontam que esquema de corrupção renderia R$ 100 mil por semana a fiscais, policiais e políticos
Elizeu Pires
Menina dos olhos do governo do estado do Rio de Janeiro no esforço contra a sonegação de tributos, a Operação Barreira Fiscal não rendia frutos apenas para os cofres públicos. Um esquema de corrupção desmontado pelo Ministério Público Federal e o MP estadual, com apoio da Polícia Rodoviária Federal gerava uma arrecadação, em propinas, de pelo menos R$ 100 mil por semana a um determinado grupo. Isso foi revelado há pouco mais de um mês, e as investigações continuam. As atenções agora estariam voltadas para um escritório na Barra da Tijuca, no qual aconteceriam as negociações, uma espécie de “QG da Propina”.
As primeiras denúncias de corrupção no programa Barreira Fiscal – que atua nas rodovias que cortam o estado fiscalizando o transporte de cargas – teriam surgido no inicio do ano passado. Há suspeita de que parte dos recursos arrecadados no esquema teria sido usada no financiamento de campanhas eleitorais em 2020 na Baixada Fluminense e outras regiões.
Durante as investigações as ações passaram a ser monitoradas, possibilitando coleta de provas contra cerca de 60 pessoas, entre agentes nomeados, policiais e até deputados, alguns deles responsáveis por várias nomeações. Há informações de que o esquema era tão lucrativo, que parte dele chegou a ser “arrendada”. O “dono” do “negócio” teria passado seus “direitos” para outro explorar, vendendo salvo conduto para que caminhões transportando combustível passasse pelos pontos de fiscalização com uma única nota fiscal.
Em 2019 a gestão do governador afastado Wilson Witzel divulgou que o programa havia ampliado as ações e que no primeiro semestre daquele ano, em comparação ao anterior, o volume de veículos fiscalizados havia aumentado em 72% nos postos localizados nas divisas do estado, nos quais são feitas blitzes quase que diariamente.