“Tem ‘peru-de-fora’ mandando mais que o prefeito”, dizem por lá
● Elizeu Pires
O pastor Klauco Kaizer está completando nesta segunda-feira (21), exatamente um ano, dois meses e 21 dias como prefeito de Queimados, município da Baixada Fluminense, mas o homem que alguns evangélicos dizem ter sido “escolhido por Deus para mudar as coisas” por lá, aos olhos de lideranças comunitárias locais, ainda não mostrou a que veio e, pior ainda, completam, estaria sendo mandado por gente de fora, sem nenhum compromisso com a população. “Aqui cada secretário rema para um lado diferente. Aí o barco fica se movimentando em círculo, não saindo do lugar. Isso sem contar a interferência de um deputado de fora, que parece ser o capitão de fato desse barco”, diz um preocupado aliado, já prevendo um naufrágio político.
Sem realizações para chamar de suas, o prefeito é obrigado a contemplar as obras iniciadas pelo governo estadual, isso apesar de ter em caixa cerca de R$ 100 milhões, dinheiro que o município recebeu pela venda da Cedae. “A máquina administrativa não anda. Não se consegue fazer um mero processo licitatório. O início das aulas sem merenda se deu exatamente por isso. Um pregão que deveria ter sido concluído no ano passado só teve o resultado final homologado recentemente”, completa o mesmo aliado.
“Peru-de-fora” – Tem um ditado popular que diz que “peru de fora não se manifesta”, mas em Queimados essa regra parece não importar muito em relação à gestão do prefeito menos votado da história do município. Glauco foi escolhido por apenas 19.010 eleitores, o que corresponde a 28,83% dos votos nominais apurados, e parece perdido no mar de problemas verificados por lá.
Abrigado no Solidariedade, ele atribui sua vitória ao apoio de um deputado de fora do município, parlamentar que lhe abriu as portas do partido e deu a ele condições necessárias para concorrer. Só que isso, na visão de alguns apoiadores locais, fechou as portas do governo para os que realmente foram às ruas defender o então candidato, e abriu espaço para indicados do deputado, que teria aliados seus em vários setores do governo municipal.
Passado pouco mais de um ano da posse do prefeito, gente do próprio governo põe na conta de “pessoas de fora” pelo menos duas despesas milionárias feitas sem licitação, adesões de atas concluídas de forma nada transparente.
Uma delas, a compra de R$ 7,3 milhões em tablets por parte da Secretaria de Educação, já está sendo investigada pelo Tribunal de Contas do Estado, e é objeto de uma representação encaminhada ao Ministério Público. Os dispositivos foram comprados de uma empresa cujo dono chegou a ser preso na Paraíba, no âmbito de um inquérito aberto pelo MP para investigar um suposto esquema de corrupção que teria sido montado no governo daquele estado. A outra, cujo valor global sequer foi divulgado, tem como objeto o fornecimento de asfalto.
Porém, se os críticos são muitos e a insatisfação parece generalizada, há também quem acredite numa mudança radical, com o prefeito mostrando quem é que tem a caneta nas mãos. Alguns apostam que se Glauco tomar coragem, bater na mesa e botar a “peruada de fora” realmente para fora, o barco poderá tomar um rumo certo.
*O espaço está aberto para manifestação da Prefeitura de Queimados.
O nobre jornalista foi cirúrgico em sua analise.