Presidente da Casa se comporta como se não tivesse obrigação de dar satisfação sobre o gasto do dinheiro público
● Elizeu Pires
Traço no mapa político do estado do Rio de Janeiro, o minúsculo município de Silva Jardim, a 112 quilômetros da capital, teria assessor na Câmara de Vereadores ganhando mais do que o correspondente ao cargo ocupado, mas quem questiona isso pode virar inimigo do presidente da Casa, Fabrício Azevedo Lima Campos, mais conhecido como Fabrício de Napinho, que, ao que tudo indica, acha que não precisa dar satisfações a sociedade sobre o uso do dinheiro público.
Na última quinta-feira (2), por exemplo, ele não gostou de ser questionado sobre o assunto, que veio a tona a partir de uma publicação nas redes sociais, dando conta de que um nomeado na Câmara estaria com salário de R$ 15.640,61, graças a uma gratificação de 90% sobre seu vencimento mensal. Ele se recusou a apresentar uma documentação referente ao valor pago ao tal funcionário, já que negara o valor divulgado, e bateu a porta do seu gabinete, talvez por se achar dono e senhor da coisa pública em Silva Jardim.
Números em segredo – Formada por nove vereadores, a Câmara de Silva Jardim tem a sua contabilidade mantida em segredo. Não há um portal de transparência, e questionar o presidente sobre isso é mera perda de tempo. Dessa forma é impossível saber quantos ocupantes de cargos comissionados existem na folha de pagamento, muito menos quanto cada um custa aos cofres da municipalidade. Mais difícil ainda é saber sobre a tal gratificação de representação de gabinete, que pode ser dada a qualquer assessor apontado como merecedor dela pelo presidente, que, ao parece, não tem em seu vocabulário a palavra transparência.
A falta de transparência não é nenhuma novidade nessa cidade com cerca de 22 mil habitantes. Os gastos do Poder Legislativo sempre foram trancados numa espécie de “caixa-preta”, mas, com a renovação dos quadros da Casa imaginava-se que a coisa seria diferente, mas tudo não passou de esperanças perdidas.
Nos registros disponíveis no site oficial da Prefeitura consta que durante o ano passado foi transferida para a Câmara de Vereadores a soma de R$ 3.265.295,10, quantia que pode ser ainda maior, já que os dados informados vão só até o dia 9 de dezembro de 2021. Em relação ao exercício de 2022 os registros apontam transferências no total de R$ 1.285.020,21 entre 7 de janeiro e 20 de abril.
Se faz segredo dos gastos com salários, vantagens, fornecedores e prestadores de serviços, a Câmara de Silva Jardim esconde com também sua estrutura, que teria 40 cargos comissionados. Corre nos ambientes políticos que o presidente da Casa distribui um cargo por vereador, o que reme a uma sobra de 31 cargos. O que precisa ser tornado público são os nomes dos nomeados estão lotados e quanto ganham por mês.
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