Rede de atendimento era usada como moeda de troca por políticos ligados ao governo
● Elizeu Pires
Agentes da Polícia Federal deram início nesta terça-feira (21) à Operação Saúde Eleitoral, que apura supostas fraudes no Sistema Nacional de Regulação (Sisreg) em Queimados, na Baixada Fluminense, por funcionários lotados na Secretaria Municipal de Saúde, irregularidades que teriam sido feitas para favorecer eleitoralmente políticos aliados do governo.
A ação acontece 4 meses após a publicação da matéria Queimados: Presidente da Câmara denuncia à Polícia Federal possível furada de fila com fins eleitorais na rede municipal de saúde, veiculada em 9 de setembro de 2024, A operação de hoje visa cumprir 9 mandados de busca e apreensão em endereços em Queimados e em Brasília, determinados pela Justiça, que também decidiu pelo bloqueio de bens dos investigados, e o afastamento da função pública de alguns envolvidos.
Pelo que foi apurado até agora, um determinado grupo político usava a furada de fila como moeda de troca, e alguns dos alvos da operação tinham mais de mil marcações no Sisreg, pra consultas, exames, inclusive procedimentos de alta complexidade. Um dos alvos da investigação, o ex-subsecretário de Gestão Estratégica, Julio Cesar Gomes Bezerra, reservou no proprio nome mais de 340 marcações entre 2021 e 2023, incluindo consultas com ginecologista e biópsia de mama.
A PF já apurou ainda que uma prima da ex-secretária de saúde, Marcelle Nayda Pires Peixoto, Maria Clara Pires dos Santos, que não era servidora da Prefeitura, tinha um perfil no Sisreg lhe permitia realizar inserções, autorizações e modificações de agendamentos.
De acordo com as investigações, foram registradas em nome de Maria Clara consultas em clínica médica, mastologia, ginecologia e neurologia, e em nome de uma pessoa de confiança de Marcelle, foram feitas 1360 marcações.