Operadores da Nova Park reclamam de exploração

As vias públicas de Nova Iguaçu foram loteadas para a Nova Park pelo prefeito Nelson Bornier

Eles dizem que a empresa – que cobra estacionamentos nas ruas de Nova Iguaçu – estabelece cota diária e quem não corresponde vai de bolso vazio para casa

Há pelo menos quinze anos explorando os espaços públicos de Nova Iguaçu – ruas e praças – como estacionamento de veículos, a empresa Nova Park Administração e Participações, também estaria explorando seres humanos. Pelo menos é disso que reclamam os operadores que atuam no centro e nos bairros periféricos. Segundo eles, não há salário fixo, auxílio transporte nem alimentação e, além disso, afirmam que quem não atinge a cota estabelecida para a venda de talões vai embora para casa no fim do dia sem um centavo no bolso.  A julgar pelo relato de funcionários ouvidos, eles só tem deveres.

Para firmar contratos com o poder público, em qualquer esfera, uma empresa é obrigada apresentar documentos de que está em dia com todas as suas obrigações sociais, mas parece que na Prefeitura de Nova Iguaçu isso não se aplica, pois, de acordo com os funcionários, parte deles não tem registro em carteira e os que estão com a carteira profissional assinada não tem salário no fim do mês. “Tem dia que a gente não consegue nem o dinheiro da passagem, pois no final do turno o fiscal vem pegar a cota com os operadores e aquele que só conseguiu o suficiente para cobrir é obrigado a entregar tudo. Trabalhamos por nossa conta e risco”, diz uma operadora que atua numa área que tem a cota diária estabelecida em R$ 97,50.

Cada talão de estacionamento é vendido aos motoristas por R$ 2 e dá direito a duas horas de parada. Desse total a Nova Park fica com R$ 1,30, deixando R$ 0,70 para o operador, mas se este vender menos do que o valor estabelecido como meta é transferido de ponto. “Tem gente ganhando menos de um salário mínimo por mês. Eu mesmo, no mês passado (dezembro), consegui só R$ 480”, afirma um operador.

De acordo com os funcionários, quem trabalha mais no centro da cidade, tem chance de atingir a meta com mais facilidade, mas mesmo assim sobra pouco no bolso dos operadores. “Trabalhamos sobre pressão o dia inteiro. Eu tenho carteira assinada, mas não tenho salário fixo, também não sei se temos fundo de garantia recolhido e se as contribuições para o INSS estão em dia”, diz outro operador.

As ruas do centro de Nova Iguaçu e dos bairros mais populosos passaram a ter a Nova Park como “dona” na primeira gestão de Nelson Bornier como prefeito. A cobrança é feita de segunda a sábado das 7h às 22 horas e aos domingos de 10h a 22h e no território demarcado pela empresa as placas instaladas alertam que o carro que não estiver com o talão de estacionamento em local visível, está sujeito a ser rebocado.  Esse aviso não é brincadeira, pois os agentes de trânsito estão a postos para isso mesmo e agem até em locais onde não existem sinalização de estacionamento proibido, mas que esteja perto do espaço demarcado pela permissionária, constituindo-se em excelente auxilio na defesa dos interesses comerciais da empresa.

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