Seis meses após a chuva que inundou a cidade, muitos moradores ainda não receberam o auxílio emergencial que é repassado pelo governo estadual para a Prefeitura distribuir. É disso que reclamam famílias residentes no bairro BNH de Baixo, onde, com as chuvas de fevereiro, o nível da água alcançou 2 metros de altura e os moradores perderam móveis e pertences. Esses, até hoje não receberam os repasses do Cartão Recomeçar.
Mariluce de Lima, de 64 anos, reclama que, até hoje, o cartão, do governo do Estado, que seria entregue à população pela Prefeitura para ajudar as famílias atingidas ainda não apareceu. “A gente quer saber o que aconteceu. Cadê o nosso cartão? É nosso direito”, indagou a senhora que mora às margens do Rio dos Macacos.
O Cartão Recomeçar foi uma medida emergencial criada pelo governo do Estado para auxiliar as famílias atingidas pela chuva. O valor do cartão é de R$ 3 mil, pago em parcela única, como cartão de débito. Ele pode ser usado para compra de material de construção, eletrodomésticos da linha branca e móveis.
O repasse do dinheiro às vítimas é de responsabilidade de cada um dos municípios beneficiados. Paracambi iniciou o repasse no mês de julho, enquanto outros municípios, como Mesquita, Nilópolis, São João de Meriti e Duque de Caxias começaram a distribuir o benefício em abril. Mesmo assim, muitos moradores afirmam ainda não ter recebido o dinheiro.
Um desses moradores é Fátima dos Santos. Durante o alagamento, o nível da água quase ultrapassou a altura das portas da casa onde mora, no BNH de Baixo. “Perdi tudo. Todos os móveis que você está vendo aqui em casa são emprestados. São móveis de conhecidos que emprestaram para a gente para que, quando o cartão [Recomeçar] viesse, a gente pudesse devolver, mas até agora esse cartão não chegou”, relata após ter perdido todos os móveis, exceto a geladeira, que boiou na água e chegou a dar pancadas no teto.
Ela ainda acrescenta que alguns moradores do município até chegaram a receber o valor, mas na rua dela, ninguém viu nem a cor do dinheiro. “O cartão está chegando para aqueles que não precisam. Aqui na rua, que foi uma das mais afetadas, ninguém recebeu”, completou indignada.
A força da água foi tanta que Fátima não podia sair na rua para se abrigar na casa ao lado. Segundo ela, caso fizesse isso, a correnteza poderia levá-la. Para se salvar, a moradora amarrou uma corda na cintura e foi içada para o terraço do vizinho, que a abrigou durante a enchente. “Fiquei toda machucada. Mas se eu fosse pela rua, a força da água me levaria. Não gosto nem de lembrar”, relatou.
Mariluce de Lima também denuncia as condições em que o Rio dos Macacos se encontra. “O André quando era prefeito fazia a limpeza do rio frequentemente. Agora olha como está, todo assoreado. A gente vai lá na prefeitura, fala e ninguém vem”, conta a aposentada.
A moradora Joyce Trevato também foi vítima da tempestade e afirma que não recebeu nenhum tipo de apoio da Prefeitura. “O apoio foi comunitário, os vizinhos e outras pessoas que estavam em volta ajudaram bastante. Já a prefeita… nem vimos a cara dela”, desabafou Joyce.
*O espaço está aberto para manifestação da Prefeitura de Paracambi