Líder da Revolta da Chibata terá museu em Meriti: morador da cidade, João Cândido, o Almirante Negro, viveu até 1969

João Cândido morreu em 1969, aos 89 anos

Líder da Revolta da Chibata, que pôs fim aos castigos sofridos pelos marinheiros até a primeira metade do século XX, João Cândido, também conhecido como Almirante Negro, dá nome ao museu de São João de Meriti, local onde viveu e que o reconhece como herói municipal. O espaço cultural vai funcionar no Morro do Embaixador, na antiga residência do embaixador português Martinho Nobre de Melo, que está sendo restaurada para abrigar.

O local está passando por obras, um projeto que, além da recuperação do casarão, inclui uma área recreativa, com quadra de esportes, academia ao ar livre e parquinho infantil. “Nosso objetivo é fazer a integração entre sociedade local e a nossa história, não permitindo que a memória de João Cândido e do Morro do Embaixador se percam”, diz a secretária Direitos Humanos e Igualdade Racial Ana Paula Rosa.

O herói dos marinheiros – Nascido em 24 de junho de 1880 – no município de Encruzilhada, no Rio Grande do Sul –, João Cândido Felisberto morreu em dezembro de 1969, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, aos 89 anos. Ele entrou para a Marinha antes de completar 14 anos, ingressando na Companhia de Artífices Militares e Menores Aprendizes no Arsenal de Guerra de Porto Alegre, por indicação do capitão-de-fragata Alexandrino de Alencar. Em dezembro de 1895 Cândido foi transferido para o Rio de Janeiro, entrando como grumete, tendo passado por momentos de muito sofrimento, inclusive tortura.

João chegou a ser preso e internado como louco por se voltar contra os castigos impostos aos marinheiros negros. Esteve ativo na Marinha por 17 anos, até ser expulso por decreto do presidente Marechal Hermes. Conta a história que mesmo o uso da chibata como castigo já tivesse sido abolido da Marinha em 1889, as torturas continuaram sendo aplicadas por alguns oficiais contra os marinheiros que reclamavam dos baixos soldos e da má alimentação.

Depois de muitas tentativas de dar fim aos castigos, inclusive com João Cândido sendo recebido em audiência pelo presidente Nilo Peçanha, os marinhos se revoltaram. Isto aconteceu em novembro de 1910. Depois da morte de vários oficiais os revoltosos tomaram o controle de seis navios, como Cândido indicado pelos demais líderes como o comandante-em-chefe da esquadra revoltada, impondo uma vergonhosa derrota ao então presidente Marechal Hermes, que se rendeu aos pedidos e acabou com os castigos, mas vingou-se depois emitindo um decreto para expulsar os marinheiros envolvidos, quebrando a declaração de anistia que ele mesmo tinha assinado.

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