Um levantamento publicado pela revista Exame em 2013 mostrou a Locanty – cabeça de um grupo empresarial formatado por João Alberto Fellipo Barreto, o Joãozinho da Locanty – em 17º lugar numa lista com as 70 companhias mais acionadas na Justiça do Trabalho. Porém, pelo menos em Valença, município do Sul do estado do Rio de Janeiro, o grupo não pode alegar queda no faturamento para não honrar compromissos trabalhistas ou prestar serviço ruim, pois de 2013 para cá, ganhando contratos emergenciais ou vencendo licitações com razões sociais e nomes diferentes, tem aumentado bastante os recebimentos pela coleta de lixo na cidade, atingindo valores que somaram R$ 59,2 milhões até último dia 31 de março.
De um contrato emergencial de R$ 4.511.906,46 – firmado há sete anos na gestão do prefeito Álvaro Cabral – em nome da Própria Ambiental, o grupo saltou para R$ 13,5 milhões, valor global do contrato assinado em dezembro de 2018. O novo contrato rendeu a operadora de agora, Atitude Ambiental, recebimentos totais de R$ 9.507.522,20 em 2019, e mais R$ 2.667.813,20 entre 1º janeiro e 31 de março deste ano, apesar de um conflito trabalhista gerado na sucessão da Rio Zim, operadora anterior, pela atual prestadora de serviço, uma situação que chegou a ser debatida na Câmara de Vereadores.
De acordo com documentos que podem ser conferidos aqui, só na atual gestão – através empresas Rio Zin e Atitude – o grupo recebeu mais de R$ 30 milhões. Pelo que mostra o sistema que registra as despesas pagas pela Prefeitura, em 2014 os pagamentos a Ro Zin somaram pouco mais de R$ 9.091.576,72, caíram para R$ 8.527.757,66 no ano seguinte e subiram para R$ 10.478.878,42 milhões em 2016, an em que o prefeito Alvaro Cabral disputou a reeleição e perdeu.
Ainda segundo registra o sistema, em 2017, primeiro ano de Luiz Fernando Grança como prefeito, a Rio Zin recebeu R$ 8.563.461,09, R$ 9.699.830,44 em 2018 e R$ 726.579,26 em 2019, resíduo ano anterior.
Problemas com trabalhadores – Em agosto do ano passado, quando a empresa Atitude Ambiental já estava no oitavo mês de operação, o grupo chegou a ser acusado durante uma sessão na Câmara de Vereadores, de obrigar os trabalhadores que prestavam serviços na limpeza pública do município através da Rio Zin assinarem um acordo de demissão para serem empregados na sucessora, o que teria se tornado prática comum.
Trabalhadores reclamaram que em dezembro de 2018 teriam sido chamados por um encarregado da Rio Zin, que os teria avisado da substituição e lhes teria dito que seriam aproveitados na sucessora só os que aceitassem assinar o acordo.
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