Na página 70 da petição do Ministério Público Federal apresentada ao Superior Tribunal de Justiça com pedidos de prisão – inclusive a do próprio governador Wilson Witzel (foto), que foi negada pelo ministro Benedito Gonçalves – há um pequeno detalhe, mas com tamanho suficiente para confirmar que o “somos diferentes de tudo isso que está aí” era só uma frase de um discurso para enganar trouxas.
O documento revela a participação de pelo menos dois funcionários do governo estadual nas obras de reforma de um imóvel particular do ex-juiz, que convenceu o eleitorado fluminense com falas pela moralidade e contra corrupção, mas que, passados exatamente um ano, seis meses e 29 dias, está sob investigação e afastado do cargo por conta de denúncias de fraude e desvio de dinheiro público, lugares-comuns na corrupção.
“Durante a execução da Operação Placebo, foi identificada, pelo Procurador da República que acompanhou as medidas de busca apreensão na residência particular de Wilson e Helena Witzel, a existência de uma obra que contava com a supervisão de servidores públicos do estado do Rio de Janeiro”, diz o trecho relacionado a casa que fica no bairro Grajaú, na Zona Norte da capital fluminense.
No documento o MPF afirma que “caso comprovada a utilização de servidores e bens públicos para custeio de obra privada do Governador, além dos crimes de corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro, também estaremos diante do crime de peculato, sendo necessário, no entanto, no tocante a este ponto, aprofundar as investigações, ouvindo os servidores públicos mencionados”.
*O espaço está aberto para manifestação do governador Wilson Witzel.