Em novembro a Autarquia de Serviços e Obras de Maricá (Somar) anunciou que a coleta de lixo no município estava sendo normalizada com a substituição da empresa Kattak Serviços, que, de acordo com reclamações de funcionários, vinha atrasando salários, o que acabava afetando a prestação do serviço. O que a responsável pela contratação não disse é que a empresa substituta é a Líbano Serviços de Limpeza Urbana, contra a qual existem reclamações idênticas em outras cidades. Mais ainda: a Somar deixou de dizer que tanto uma como a outra tem como donos Monica Lima Barbosa – que seria esposa do empresário Fernando Trabach, conhecido como “Fantasma” – e Jaks Trabach Gomes, segundo consta nos cadastros das duas firmas junto à Receita Federal.
A Kattak, de acordo com reclamações de moradores da cidade, “nunca prestou um bom serviço”. Já da parte dos coletores de lixo, a supressão de direitos trabalhistas e atrasos no salário se acumulam ao longo de 2020, mas a Prefeitura só se preocupou em substituir a empresa depois que os trabalhadores entraram em greve.
Apesar das reclamações acumuladas, a Kattak recebeu durante a atual gestão R$ 168,5 milhões. Foram R$34.340.865,04 em 2017, R$43.306.042.69 em 2018, R$57.105.428,32 no ano passado, e R$33.809.970,07 entre janeiro e outubro deste ano.
Sem transparência – O contrato com a Libano é o de número 225/2020, resultante do Pregão 21 anunciado no ano passado, mas só realizado este ano com valor global de R$31.117.367,68. O contrato, entretanto, até as primeiras horas de hoje (7) não estava disponível no Portal da Transparência, o que contraria a legislação.
Sobre tal contrato o único documento disponível é uma ordem de serviço assinada pelo diretor da Autarquia de Serviços e Obras, Paulo Cesar Rego Garritando, com data de 23 de novembro, sem, entretanto, revelar o valor do contrato.
Relação antiga – A ligação de empresas ligadas a Fernando Trabach com a Prefeitura de Maricá não é nova. O grupo foi levado para o município na gestão do prefeito Washington Luiz Cardoso Siqueira, o Washington Quaquá (PT). Tanto a Kattak como Líbano continuaram faturando alto na gestão do prefeito Fabiano Horta, reeleito com 88,09% dos votos.
Fernando e Monica chegaram a ser presos duas vezes em 2017. A primeira prisão aconteceu na Operação Cassa Fantasma, assim denominada pelo Ministério Público pelo fato de Fernando ter sido alcunhado de Fantasma pelo suposto uso de CPFs diferentes na abertura de empresas
Ate novembro de 2017 as duas empresas tinham faturado R$131,4 milhões em pagamentos que começaram a ser feitos em 2013, ano em que a Kattak recebeu R$7.142.477.12. Em 2014 a Líbano teve um contrato para locação de carros e nos anos seguinte o faturamento grupo na cidade que é governada pelo PT desde o dia 1º de janeiro de 2009 foi só aumentando. A Kattak recebeu R$27.740.406,17 em 2014; R$30.048.488,29 em 2015; R$32.117.093,17 em 2016, e teve os recebimentos aumentados na gestão de Fabiano Horta.
*O espaço está aberto para manifestação da Prefeitura de Maricá.