● Elizeu Pires
Dono da Sodré Serviços de Transportes Locação de Máquinas e Equipamentos, aberta em 2009, com capital social de R$ 150 mil, o vereador Carlos Augusto Pereira Sodré, o Carlinhos da Barreira, já exercia mandato quando começou a receber dinheiro de empresas contratadas pela Prefeitura de Duque de Caxias através da Sodré Serviços. Ao todo, entre 2013 e 2021, três das quatro firmas citadas nas investigações do Ministério Público que resultaram na prisão do parlamentar em operação policial realizada ontem (22), firmaram contratos com a administração municipal que somam mais de R$ 300 milhões.
Investigado pelo MP por suposta prática dos crimes de agiotagem, extorsão, lavagem de dinheiro e fraude à licitação, Carlinhos da Barreira está no terceiro mandato de vereador. Ele foi eleito pela primeira vez em 2012, quanto obteve 5.366 votos concorrendo pelo PSC. Em 2016 ele foi reeleito no PSDC, com 5.731. No passado, já no MDB, Carlinhos foi o segundo mais votado, somando 10.454 votos.
De acordo com o Ministério Público, o vereador – que teve imóveis e recursos financeiros sequestrados por decisão judicial –, emprestava dinheiro a juros. Um dos casos apontados nas investigações dá conta de que o político emprestou R$ 1 milhão a um empresário e fixou uma taxa de 3,5% mensais a título de juros. Segundo as investigações o empréstimo ocorreu em janeiro de 2019 e um ano depois Carlinhos acionou os policiais militares Ricardo Silva dos Santos e Carlos Alexandre da Silva Alves, também presos ontem, para ameaçá-lo de morte. O MP apurou ainda que era Ricardo quem recebia em sua conta bancária os juros do empréstimo.
Repasses – Pelo que foi apurado pelo Ministério Público, uma das empresas que repassaram dinheiro à firma do vereador é a Madasa Comércio e Locações de Máquinas e Veículos, que teve quatros contratos assinados com a Prefeitura entre 2013 e 2016. As investigações apontam que a Madasa fez 109 operações financeiras em favor da Sodré Serviços, chegando ao total de R$8.546.367,56. Pelo que consta no sistema da Prefeitura, os contratos foram de R$ 8.325.222,06 em 2013 e R$ 9.509.219,31 em 2014, 2015 e 2016, um total de R$ 36,8 milhões.
Além da Madasa, revelam as investigações da Promotoria, repassaram dinheiro à firma do vereador as empresas TGM Locação de Máquinas e Equipamentos, V.F. da Rosa Refeições e Hashimoto Manutenção Elétrica e Comércio, transferindo o total de R$ 4.193.624,62 para as contas da Sodré Serviços de Transportes Locação de Máquinas e Equipamentos. A Hashimoto é responsável pela iluminação pública no município e ainda tem contratos em vigor.
Sucessão – A Madasa Comércio e Locações de Máquinas e Veículos foi sucedida na Prefeitura de Duque de Caxias pela TGM Locação de Máquinas e Equipamentos, que teve três contratos e um termo aditivo homologados em 2017, 2018 e 2019, nos valores de R$ 15.240.635,82, R$ 15.232.379,82, R$ 19.029.754,80 e R$ 3.797.194,80, total de R$ 53,2 milhões.
No sistema que arquiva os contratos e termos aditivos homologados pela Prefeitura de Duque de Caxias não há nenhum dado sobre a V.F. da Rosa Refeições, mas Hashimoto Manutenção Elétrica e Comércio aparece com 22 registros, contratos e aditivos que somam mais de R$ 238 milhões.
*O espaço está aberto para manifestação da Prefeitura e das empresas citadas na matéria.
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