Gestor de OS recebia propina de fornecedor de medicamentos a unidades de saúde administradas pela instituição, denuncia o MP

● Elizeu Pires

O empresário Daniel Gomes da Silva – que segundo o Ministério Público comandava um esquema criminoso na Organização Social Cruz Vermelha Brasileira do Rio Grande do Sul, instituição com contratos para administrar unidades de saúde em vários estados –, recebia quantias equivalentes a 12% das notas fiscais emitidas por duas empresas que forneciam remédios a unidades de saúde administradas pela OS no Rio de Janeiro.

Denúncia neste sentido foi feita pelo Ministério Público a partir de um longo período de investigações no âmbito da Operação Calvário, que teve a primeira fase realizada em 14 de dezembro de 2018, e recebida esta semana pela Justiça. Nela são acusados – além de Daniel – o empresário Leandro Pinto Coccaro, Gustavo Katoaka Simões e Flávia Cabral de Lima, que atuavam como diretores na organização social.

De acordo com o que foi apurado, a OS operava em vários estados e desviava recursos através do superfaturamento de contratos firmados com fornecedores. Pelo que foi denunciado pelo MP, a entidade comandada por Daniel recebeu – entre 2015 e 2018 – mais de R$ 600 milhões em empenhos de verbas para administrar hospitais e Unidades de Pronto Atendimento no estado do Rio de Janeiro, entre eles  o Albert Schweitzer, em Realengo; Lagos, em Saquarema e e Roberto Chabo, localizado em Araruama, além das UPAs de Engenho de Dentro, São Pedro da Aldeia, Itaboraí, Magalhães Bastos e Botafogo. 

Delação premiada – Sob marcação cerrada do Ministério Público, o empresário Daniel Gomes da Silva é apontado como mentor de um esquema criminoso infiltrado na Cruz Vermelha do Rio Grande do Sul, que passou a firmar contratos em vários estados para administrar unidades de atendimento médico. Diante das provas obtidas contra si, o empresário acabou firmando um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República, o que possibilitou o ajuizamento da nova denúncia contra ele, desta vez incluindo o empresário que opera como fornecedor.

Seguindo os rumos apontados na delação as investigações levaram ainda a Gustavo Katoaka Simões e Flávia Cabral de Lima, que atuavam como diretor e gerente de compras da citada organização social, respectivamente. Segundo foi apurado, os dois eram os responsáveis pelos procedimentos de compras e direcionavam as contratações em favor de empresas controladas por Leandro.

Foi apurado ainda que as empresas operadas por Leandro receberam R$ 1.265.257,22 entre novembro de 2015 e outubro de 2018, pelo fornecimento de remédios e materiais médicos, devolvendo 12% do valor pago por cada nota fiscal.

*O espaço está aberto para os citados na matéria.

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