Anderson Alexandre terá de explicar compras de quase R$ 4 milhões em farmácia sedia a 240 quilômetros do seu município, em vez de optar pelas distribuidoras no atacado
Réu em pelo menos dez ações de improbidade administrativa – a maioria delas por denúncia de fraude em licitação – com pedidos do afastamento dele do cargo, indisponibilidade de bens e um de prisão em andamento, o prefeito reeleito de Silva Jardim, Wanderson Gimenes Alexandre, o Anderson Alexandre (PMDB) não tem sido visto na cidade e muito menos despachado em seu gabinete. As informações sobre o paradeiro dele são desencontradas. Uns dizem que o prefeito está descansando, outros afirmam que ele está em tratamento médico e há até quem fale que a ausência seria para evitar uma notificação da Justiça. Entretanto, seja lá qual for a razão, uma dor de cabeça das grandes está a espera dele: Anderson terá de explicar a compra de quase R$ 4 milhões em medicamentos feitas em uma farmácia (que, inclusive, fez alguns fornecimentos sem licitação), quando deveria optar pelas distribuidoras que operam no atacado e com preços mais competitivos.
Empresário do ramo de drogarias, o prefeito está sendo investigado pelo Ministério Público pela compra de medicamentos para toda a rede de Saúde, mas o inquérito que mais lhe preocuparia seria um sobre a aquisição de remédios para atender a demanda de ordem judicial, medicamentos que não constam na lista da farmácia básica da rede municipal. É que os contratos de fornecimento foram firmados com a empresa Farmácia Amaral de Itaocara, localizada a 240 quilômetros do município, mas as entregas seriam feitas pela Drogaria Kanaã, localizada no centro de Silva Jardim. E é exatamente este detalhe, o de qual farmácia os medicamentos saiam é que estaria causando insônia no prefeito.
Ao todo – de 2013 ao exercício fiscal de 2016 – foi empenhado o total de R$ 4.148.867,60 em favor da Farmácia Amaral de Itaocara, que até o dia 30 de agosto deste ano havia recebido mais de R$ 3,7 milhões dos cofres da municipalidade, com recursos do Fundo Municipal de Saúde. Em 2013, de um empenho de R$ 916.792,07 foram pagos R$ 915.768,17 e no ano seguinte o total empenhado foi de R$ 628.913,50, tendo sido paga a soma de R$ 600.751,41. O ano passado foi o que a empresa mais faturou junto à Prefeitura de Silva Jardim, tendo recebido R$ 1.600.986,33 de um empenho fixado em R$ 1.603.162,09. Para este ano foi feito um empenho de R$ 1 milhão e dele ainda há um saldo de cerca de R$ 320 mil, que poderá ser pago até o dia 31 de dezembro. Os pagamentos feitos nos primeiros oito meses deste ano chegaram ao total R$ 620.558,39.