Terceirização pode ter favorecido primeira dama de Mesquita na campanha de 2014
A deputada estadual Daniele Cristina Figueiredo Fontoura, a Daniele Guerreiro (PMDB), foi a mais votada em Engenheiro Paulo de Frontin, onde recebeu apoio do grupo político do hoje prefeito da cidade, Jauldo Neto (PHS). Ela obteve no município 995 votos e mais votado que ela por lá só o deputado federal Marcelo Viviani Gonçalves, mais conhecido como Marcelo Matos, com exatos 1200 votos. Coincidência ou não, familiares de Jauldo foram nomeados em cargos de confiança na Prefeitura de São João de Meriti – base de Marcelo – logo depois das eleições de 2014 e há denúncias de que moradores de Paulo de Frontin teriam sido contratados temporariamente pela Prefeitura de Mesquita durante a gestão do prefeito Rogelson Sanches Fontoura, o Gelsinho Guerreiro (foto), marido de Daniele. Também não se sabe se por mera casualidade, 2014 foi o ano que a gestão de Guerreiro mais gastou com esse tipo de contratação: R$ 88.399.065,51, R$ 38.276.943,61 a mais que em 2013.
Em 2014 o número de temporários contratados através de duas cooperativas (Coopsege e Renaccop) era de cerca de cinco mil. Naquele ano a Coopsege recebeu R$ 66.871.930,06 e a Renaccop faturou R$ 21.527.135,45. A farra das contratações foi denunciada e no ano passado o total de contratados era de 3.253 pessoas, com suspeita da existência de pelo menos mil “fantasmas” entre eles. Por conta das irregularidades apontadas, a juíza Alessandra Cristina Tufvsson Peixoto, da Vara Cível de Mesquita chegou a suspender o contrato da Coopsege e os pagamentos a ela, mas a decisão foi derrubada em instância superior. Antes de determinar a suspensão do contrato e dos pagamentos a magistrada recebeu da Prefeitura uma listagem que aumentou ainda mais as suspeitas: das 3.253 pessoas que supostamente prestariam serviços ao município de Mesquita através da Coopsege, 535 não tinham seus CPFs anotados e 83 CPFs estavam em duplicidade na lista.
Conforme o elizeupires.com já noticiou, entre janeiro e dezembro de 2013, o primeiro ano da gestão de Gelsinho Guerreiro, Prefeitura de Mesquita gastou R$ 50 milhões com a contratação de funcionários através de quatro cooperativas fornecedoras de mão de obra, despesa que aumentou bastante em 2014, ano em que a então primeira dama do município foi eleita deputada estadual. Ela chegou a ter a candidatura impugnada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e está no mandato por força de um recurso impetrado no TSE. Durante a campanha Daniele teve um galpão interditado pela fiscalização, por conta de uma série de denuncias de irregularidades, entre elas a de que funcionários terceirizados estariam sendo obrigados a atuarem na campanha.
Os contratos firmados em Mesquita para fornecimento de mão de obra chamaram a atenção pelos números assustadores. Em 2013 de um empenho total de R$ 68.329.254,32 em favor de quatro cooperativas, R$ 50.122.122,10 foram efetivamente pagos. A Captar Cooper, por exemplo, recebeu no período R$ 7.186.965,91 e a Coopsege R$ 20.165.712,34; a Multiprof faturou R$ 14.115.306,88 e a Renacoop Renascer o total de R$ 8.654.136,97. No ano seguinte, embora o município passasse a contratar pessoal só de duas cooperativas, os gastos subiram de R$ 50.122.122,10 para R$ 88.399.065,51.
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