Relatório de auditoria aponta investimentos ilegais e transações financeiras desaconselháveis

● Elizeu Pires
Apontado pelos servidores como o pior prefeito da história da cidade, a ponto de ficar sem condições de disputar a reeleição em outubro de 2016, Adenildo Braulino dos Santos, o Dennis Dauttmam (PC do B), saiu com o “filme queimado”. Além de atrasar salários, ele não repassava as contribuições previdenciárias descontadas dos contracheques nem os valores patronais devidos ao Instituto de Previdência dos Servidores Públicos do Município de Belford Roxo, mas graças um levantamento encomendado por ele, ex-diretores do Previde poderão ser responsabilizados na Justiça por perdas que devem passar de R$ 100 milhões, resultado de aplicações irregulares em instituições financeiras ao longo dos últimos 12 anos. De acordo com o relatório da auditoria, concluída no dia 25 de abril do ano passado pela empresa Mais Valia Consultoria de Investimentos, os negócios foram feitos com fundos de “elevado risco”, com “ausência de transparência, solvência, liquidez e análise prévia”. Algumas aplicações, constatou a auditoria, teriam ocorrido “em desacordo com a legislação”, o que levou o órgão a perder o certificado de regularidade emitido pelo Ministério da Previdência Social.
Para se ter uma ideia do tamanho do prejuízo basta checar uma transação feita no dia 26 de fevereiro de 2010 entre o Previde e a corretora BNY Mellon Serviços Financeiros, através da qual foram aplicados R$ 2,5 milhões em fundos de renda fixa da Coral FIDC Multisetorial, que em fevereiro de 2016 estavam valendo apenas R$ 379.305,10. O demonstrativo das aplicações e investimentos dos recursos da Secretaria de Políticas de Previdência Social – órgão do governo federal – relativo ao primeiro bimestre de 2016 apontou investimentos no total de R$ 69.277.268,41, feitos através de 18 operações do Previde com sete operadoras diferentes, todas realizadas em 2010, durante a gestão do prefeito Alcides Rolin, eleito pelo PT em 2008.
Curiosamente, mostra a auditoria, a BNY Mellon foi a preferida da direção do Previde, com oito operações e em pelo menos três delas os prejuízos estão bem claros: além da aplicação em fundos Coral FIDC Multisetorial, que registrou perda de mais de R$ 2 milhões a BNY Mellon aplicou R$ 3 milhões do instituto no Fundo de Investimento em Participações em Turismo Brasil, com o resgate de R$ 2.108.911,92, uma perda de mais de R$ 800 mil e mais R$ 2 milhões no Fundo Imobiliário Security Referenciado, do qual só poderá ser resgatado o valor de R$ 483.810,95.
Além da BNY Mellon foram feitas aplicações através das operadoras BB Gestão de Recursos, Bridge Administração de Recursos, Citibank, Foco Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários, Gradual Corretora de Câmbio e Socopa Sociedade Corretora Paulista.
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