ANTT não cogita retirada de pedágio em Magé

Eleito prefeito em 1996, Nelson do Posto foi o primeiro político da região a peitar a CRT. Mandou quebrar, em 1997, uma barreira de concreto que fechava a saída de uma via municipal

Órgão estuda apenas a possibilidade de distribuir os locais de cobrança

Em nenhum momento foi cogitada a retirada do posto principal de cobrança de pedágio existente em Magé, que conta ainda com mais duas bases auxiliares, o que muito tem prejudicado o município. A Agência Nacional de Transportes Terrestres admite apenas um estudo para dividir os pontos, distribuindo-os ao longo dos 142,5 quilômetros da Rodovia Santos Dumont (BR-116/RJ), o que poderá resultar na redução do valor da tarifa praticada na base principal, na entrada de Piabetá, na altura do bairro Bongaba, hoje fixada em R$ 17,10 ou – na melhor das hipóteses – na isenção de 100% para os moradores. Mesmo assim as possíveis medidas só seriam adotadas a partir de 2021, quando, com o fim do atual contrato de concessão, um novo consórcio entraria em operação. Também não pode ser descartada a permanência da Concessionária Rio Teresópolis (CRT), já que ela não está impedida de participar da nova licitação, que deverá acontecer no final do segundo semestre de 2020. Até lá o que vale é o desconto de 50% para os veículos emplacados no município e a isenção total para os moradores do entorno da base de Bongaba.

Válido por 25 anos, o contrato para administração do trecho conhecido em grande parte como Estrada Rio-Teresópolis, engloba o trecho que começa em Saracuruna (Duque de Caxias) e vai até Além Paraíba (Minas Gerais), mas Magé é a única cidade cortada pela rodovia que sofre as consequências, pois está praticamente ilhada pelos postos da concessionária. Além da base principal existem os postos de Santa Guilhermina e Santo Aleixo, obrigando o morador a pagar até para circular dentro do seu próprio território. O excesso de postos de cobrança impacta negativamente na economia da cidade, pois muitas empresas já desistiram de se instalar em Magé por conta disso, mas a existências das três bases em Magé é justificada pela empresa com o fato de que a parte do trecho privatizado que dá mais lucro ser exatamente a de Magé, por conta do grande volume de tráfego gerado pela Estrada Magé-Manilha, pela qual, segundo estimativa do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes passam cerca de 18 mil veículos por dia.

A luta contra a CRT é antiga. O contrato de concessão foi assinado em 22 de novembro de 1995 e a concessionária começou a operar no dia 22 de março do ano seguinte. Em 1997 ela enfrentou a primeira reação do poder público municipal, quando o prefeito Nelson Costa Mello, o Nelson do Posto, mandou quebrar uma barreira de concreto construída pela empresa, que  queria impedir que veículos acessassem a rodovia pela Vila Recreio, mas a Justiça acabou autorizando a empresa a fechar o acesso e desde então a CRT vem ganhando todas as batalhas judiciais. A única concessão foi feita no final de 2015, quando o então prefeito Nestor Vidal conseguiu formalizar um acordo judicial, no qual ficou estabelecido desconto de 50% para os veículos emplacados na cidade e a isenção para os moradores do entorno.