Resende divide em suaves prestações a conta das humilhações

Por causa da fiscalização míope da Prefeitura, a concessionária do transporte público expõe os usuários a humilhações e sacrifícios. Sem poder usar elevador para cadeirantes a senhora das imagens não teve outra saída senão carregar no colo

Governo finge que arrocha e empresa de ônibus finge que respeita as regras

Um vídeo exibindo uma mulher carregando uma cadeirante nos braços durante o desembarque de um ônibus causou revolta na população de Resende, no Sul Fluminense, esta semana e apertou ainda mais a “saia justa” do prefeito Diogo Balieiro Diniz (foto), eleito em 2016 com a promessa de peitar a São Miguel, empresa que há 17 anos detém o monopólio do transporte público de passageiros e que nos últimos tempos parece ter se especializado em humilhar os moradores, expostos à própria sorte diariamente no interior das latas velhas ambulantes da companhia.

A resposta do prefeito ao episódio envolvendo a cadeirante também veio por intermédio de um vídeo, onde ale anuncia um “plano de reestruturação do transporte público de Resende”, que na prática significa o parcelamento em quatro para a renovação da frota da São Miguel. Como a concessão da empresa expira em 2020 e ela obrigatoriamente precisa apresentar veículos novos se quiser ganhar a licitação, prevista para 2019, e continuar “reinando em Resende” pelos próximos anos, o anúncio de Diogo acabou soando como marketing pessoal já que a São Miguel estaria apenas colocando “asinhas de anjo” para não perder a bocada.

No vídeo gravado dentro do ônibus da São Miguel, o funcionário da empresa alega defeito na porta e no elevador destinado aos cadeirantes, um problema reincidente segundo a própria Superintendência Municipal de Transportes Públicos, que no final de abril promoveu uma “blitz surpresa” e noticiou ter advertido a São Miguel a respeito de diversos problemas nos veículos, praticamente os mesmos problemas identificados 12 dias antes, quando fez a primeira operação surpresa.

Como as blitzes de nada adiantaram – já que os cacarecos da empresa continuam levando os passageiros ao desespero – muitos acreditam que a empresa e o prefeito teriam ensaiado um jogo de cena para ele ficar bem com a população enquanto a São Miguel faz renovação de sua frota em doses homeopáticas, esticando até a licitação de 2019 a modernização que já deveria estar sendo cumprida há muito tempo.

No começo de abril, Diogo Balieiro assinou de um decreto reduzindo em R$ 0,20 o valor da passagem, que hoje custa R$ 3,60.  O que para muitos moradores também não passa de uma ação combinada com a empresa, já que a São Miguel continua abusando da paciência dos usuários que denunciam a diminuição nos horários de algumas linhas e até casos de maus tratos de alguns motoristas. Durante a campanha Diogo Balieiro prometeu que iria endurecer o jogo contra a São Miguel, chegando inclusive a sugerir que o valor da passagem seria R$ 2,40 caso vencesse a eleição. No final de 2016, já eleito, Diogo publicou um vídeo em que dava a entender que revogaria o reajuste que elevou o aumento da tarifa de R$ 3,40 para R$ 3,80, o que acabou fazendo pela metade ao reduzir em irrisórios R$ 0,20 o custo do embarque.

 

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