Escravidão moderna explora mais de 40 milhões no mundo

O trabalho forçado é uma triste realidade, uma situação que envergonha o mundo moderno (Foto: Agência Brasil)

Números revelados pela Organização Internacional do Trabalho são de 2016

Mais de 40 milhões de pessoas estavam em situação de escravidão no ano passado em várias partes do mundo, sendo cerca de 25 milhões em regime de trabalho forçado e 15 milhões em casamentos comprados. Os dados são de uma pesquisa divulgada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), desenvolvida pela Fundação Walk Free, em parceria com a Organização Internacional para as Migrações (OIM). A OIT alerta que, se não houver maior esforço por parte dos governos em todo o mundo, o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável que visa a erradicação da escravidão até 2025 não será alcançado. De acordo com a pesquisa, mulheres e meninas são as mais afetadas pela escravidão moderna. Além disso, as mulheres representam 99% das vítimas do trabalho escravo na indústria do sexo e 84% nos casos de casamentos forçados. Os números foram tornados públic no Brasil pela jornalista Marieta Cazarré, correspondente da Agência Brasil em Lisboa.

De acordo com o estudo as meninas e mulheres são os principais alvos da escravidão moderna, chegando a quase 29 milhões. Na indústria do sexo, mulheres representam 99% da mão de obra explorada. Também são as mulheres as submetidas majoritariamente a casamentos obrigatórios, que foram contabilizados nessa pesquisa por envolverem relações de submissão. Neste caso, o percentual chega a 84%.

Segundo a OIT, mais de um terço de todas essas vítimas eram crianças no momento em que se casaram e quase todas eram meninas. Em relação ao trabalho forçado os dados apontam que houve um aumento de mais de 20% entre 2012, quando o total era de 20,9 milhões de pessoas, passando para 25 milhões de trabalhadores nessa situação no ano passado.

Os números causam preocupação também no Brasil. “Especificamente em relação ao Brasil, devido à crise econômica, aos cortes de recursos e todo um processo de fragilização da luta contra o trabalho escravo e de políticas de combate à miséria e à pobreza, que são os fatores estruturais da escravidão”, diz o coordenador da OIT no país, Antonio Carlos Mello. Para ele essa situação só vai mudar quando forem atacados os fatores estruturantes da escravidão, como a concentração de renda.

Antonio Carlos avalia a situação também a nível internacional. “Há, hoje, uma fuga em massa de determinados países, que consiste em uma migração perversa, porque é movida pela pura necessidade de não ficar em seu lugar de origem. A pessoa que migra nessas condições vai aceitar qualquer proposta de trabalho e vai se submeter a qualquer situação, porque qualquer uma é melhor do que ameaça de morte”.

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