O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou de governantes mundiais uma luta unida contra a desigualdade em suas várias vertentes e a mudança de órgãos internacionais para melhorar a governança global e retratar a nova geopolítica do planeta. O posicionamento foi durante discurso na abertura do Novo Pacto de Financiamento Global, fórum organizado pelo governo da França em Paris, na manhã desta sexta-feira (23).
“Se nós não discutirmos a questão da desigualdade e se a gente não colocar isso com tanta prioridade quanto a questão climática, a gente pode ter um clima muito bom e o povo continuar morrendo de fome em vários países do mundo”
Convidado a discursar sobre preservação do meio ambiente e combate às mudanças climáticas, o presidente lembrou que o Brasil irá sediar a COP-30, em 2025, pela primeira vez em um estado amazônico (Pará), mas alertou que as discussões entre os países também devem abordar como combater as várias formas da desigualdade.
“Eu não vim aqui para falar somente da Amazônia. Vim aqui para falar que, junto com a questão climática, nós temos que colocar a questão da desigualdade mundial. Não é possível que, em uma reunião entre presidentes de países importantes, a desigualdade não apareça. A desigualdade salarial, a desigualdade de raça, a desigualdade de gênero, a desigualdade na educação, a desigualdade na saúde”, disse Lula.
Para ele, a discussão sobre medidas para ajudar a garantir um futuro mais próspero para a humanidade deve, obrigatoriamente, incluir os mais pobres. “Somos um mundo cada vez mais desigual e cada vez mais a riqueza está concentrada na mão de menos gente e a pobreza na mão de mais gente. Se nós não discutirmos a questão da desigualdade e se a gente não colocar isso com tanta prioridade quanto a questão climática, a gente pode ter um clima muito bom e o povo continuar morrendo de fome em vários países do mundo”, criticou.
Nova governança – O presidente também voltou a enfatizar um ponto que tem feito parte da maior parte dos seus pronunciamentos, tanto no Brasil quanto no exterior, a líderes mundiais. Para ele, o mundo precisa aprimorar as instituições internacionais, visando uma nova governança mundial, de acordo com a geopolítica do presente, para coordenar esforços e apoiar as nações em necessidade.
“Se nós não mudarmos essas instituições, a questão climática vira uma brincadeira. E por quê? Quem é que vai cumprir as decisões emanadas dos fóruns que fazemos? É o Estado Nacional? Vamos ser francos: quem é que cumpriu o Protocolo de Quioto? As decisões da COP-15? O Acordo de Paris?”
“Nós aqui precisamos ter claro o seguinte. Aquilo que foi criado depois da Segunda Guerra Mundial, as instituições de Bretton Wood, não funcionam mais, não atendem as aspirações e nem os interesses da sociedade. Vamos ter claro que o Banco Mundial deixa muito a desejar naquilo que o mundo aspira. Vamos deixar claro que o FMI deixa muito a desejar naquilo que as pessoas esperam do FMI”, declarou.
Segundo o presidente, a ONU precisa voltar a ter representatividade e força política, para que medidas importantes do ponto de vista ambiental possam ser aplicadas de forma global, como forma de combater os efeitos das mudanças climáticas.
Ele lembrou que diversos acordos internacionais firmados nas COPs acabaram não sendo cumpridos pelos países desenvolvidos, e que há necessidade de uma governança mais eficiente para que os acordos sejam efetivamente implementados.
“Se nós não mudarmos essas instituições, a questão climática vira uma brincadeira. E por que vira uma brincadeira? Quem é que vai cumprir as decisões emanadas dos fóruns que fazemos? É o Estado Nacional? Vamos ser francos: quem é que cumpriu o Protocolo de Quioto? Quem é que cumpriu as decisões da COP-15, em Copenhague? Quem é que cumpriu o Acordo de Paris? Ou seja, e não se cumpre porque não tem uma governança mundial com força para decidir as coisas e a gente cumprir”, cobrou o presidente brasileiro
Lula também se posicionou favoravelmente à inclusão de novos blocos e países nos principais fóruns internacionais de discussão. “Esses fóruns não podem ser um grupo de luxo. A elite política. Não. Nós temos que chamar os desiguais, os diferentes, para que a gente possa atender a pluralidade dos problemas que o mundo tem”, disse.
(Com a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República)