Preferido de Pezão para o TCE é um dos alvos de operação da PF junto com Picciani e Paulo Melo
Diácono da Assembleia de Deus do bairro Jardim das Américas, em Volta Redonda, o deputado estadual Edson Albertassi, até a manhã desta terça-feira, era visto como um político ficha limpa, um homem que não se envolvia em coisa errada, um verdadeiro exemplo a ser seguido, pelo fato de ter vindo de baixo – antes ganhava a vida como mascate – e ter galgado os degraus mais altos “a custa de muito trabalho e dedicação”. Ele, que esperava como prêmio maior uma cadeira de conselheiro no Tribunal de Contas, está é prestes a ganhar uma vaga no sistema prisional: é um dos alvos da operação “Cadeia Velha”, a mais importante ofensiva contra a corrupção no estado, promovida pela Procuradoria Regional da República da 2ª Região (PRR-2) e a Polícia Federal.
Albertassi só não foi preso hoje porque a Constituição estadual estabelece que um parlamentar só pode ser detido em casos de flagrante de crime inafiançável ou com autorização da Assembleia Legislativa, mas ele, o presidente da Casa, Jorge Picciani e o deputado Paulo Melo foram levados coercitivamente a depor, mas os procuradores vão insistir no pedido de prisão, por entenderem que houve flagrante por causa da continuação dos crimes. A ‘casa caiu’ para Albertassi 24 horas após o desembargador Cherubin Schwartz Júnior ter impedido, em liminar, a nomeação dele para o TCE.
Além dos três deputados são alvos da operação os empresários Felipe Picciani (filho do presidente da Alerj), Lélis Teixeira, José Carlos Lavouras, Jacob Barata Filho (ligados a Fetranspor) e Ana Cláudia Jaccoub, Márcia Rocha Schalcher de Almeida, Jorge Luiz Ribeiro (principal assessor de Picciani), Fábio Cardoso Nascimento e sua irmã, Andréia Cardoso do Nascimento, ambos lotados no gabinete de Paulo Melo. Estes tiveram prisão decretada e já foram levados para a sede da PF no Rio.
De acordo com o entendimento do Ministério Público Federal baseado em delações premiadas, deputados estaduais, empresários e intermediários estão envolvidos em um esquema de corrupção sustentado por uma caixinha de propina mantida para comprar decisões na Assembleia Legislativa em favor das empresas de ônibus. Segundo as investigações, o esquema funcionaria desde 1990, quando a Alerj era presidida pelo hoje presidiário Sergio Cabral Filho e hoje seria comandado por Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi, líder do governo na Casa.