Acusado de receber propina de 20% do valor pago a empresas de ônibus pelo reembolso da gratuidade no transporte de estudantes da rede pública, idosos e pessoas portadoras de necessidades especiais, o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PV), foi preso na manhã desta segunda-feira (10) em casa. Ele foi levado por agentes da Polícia Civil por volta das 8h30 e teve ser atendido por um médico. De acordo com a denúncia formulada pelo Ministério Público, o montante desviado entre 20014 e 2018 soma mais de R$ 10 milhões. Ação de hoje é um desdobramento da Operação Lava Jato no Rio.
Denominada de Operação Alameda, ação foi preparada para cumprir quatro mandados de prisão e 19 de busca e apreensão. Além do prefeito foram presos Domício Mascarenhas de Andrade, o ex-secretário municipal de Obras e Infraestrutura e ex-conselheiro de administração da Nittrans; João Carlos Félix Teixeira, presidente do consórcio TransOceânico e sócio da Viação Pendotiba e João dos Santos Silva Soares, presidente do consórcio Transnit e sócio da Auto Lotação Ingá. Eles tiveram prisão decretada com base em delação do ex-dirigente da Fetranspor Marcelo Traça.
O prefeito falou com a imprensa ao chegar à Cidade da Polícia e afirmou estranhar esse tipo de ocorrência. “Trabalho desde os 18 anos de idade, 20 anos de vida pública, não viajo pro exterior, tenho três filhos lindos, fecho minhas contas como qualquer cidadão de classe média, vivo em um imóvel simples. Me estranha muito esse tipo de ocorrência”, afirmou Neves.
O reembolso da gratuidade é feito a partir das informações das empresas sobre quantos passageiros foram transportados de graça e os 20%, segundo a denúncia, eram cobrados em cima desse valor.
A denúncia cita ainda que o prefeito “atrasava o pagamento do reembolso das gratuidades como forma de pressionar as viações a garantir sua parte no acordo”, que incluía também “o combate ao transporte clandestino de passageiros para que os consórcios operassem sem concorrência”.