Os desafios de ser mãe cresceram nos últimos meses em Saquarema, município da Região dos Lagos. Após a paralisação do Conexão do Futuro, programa através do qual a Prefeitura oferecia aulas gratuitas de contraturno escolar para crianças e adolescentes, além de alimentação saudável e assistência psicológica, algumas mulheres sem rede de apoio tiveram que sair de seus empregos para cuidar dos filhos.
O pagamento dos recursos ao Instituto de Desenvolvimento, Pesquisa e Inovação (IDPI), responsável pela iniciativa, foi suspenso por recomendação do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), e como consequência veio a paralisação do projeto. Como o avançado programa passou a ser alvo de alguns políticos contrários, muitos na cidade temem falar abertamente sobre a situação, mas a torcida, de modo geral, é para que tudo se esclareça e o Conexão do Futuro volte a fazer a diferença na vida de milhares alunos da rede municipal de ensino.
Melhor colocação no Ideb – Com o trabalho desenvolvido pelo IDPI com o Conexão do Futuro, Saquarema conquistou a 7ª posição no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) em 2023. Em 2021, antes de o programa ser implementado, a cidade estava em 41º lugar
Esse resultado foi fruto das aulas de contraturno oferecidas pelo instituto, que tinha como objetivo universalizar a educação integral do município e disponibilizava cursos de robótica, línguas, dança, xadrez e outros a mais de 7 mil alunos da rede municipal.
Suspensão e atraso nos pagamentos – Os problemas para as mães de Saquarema começaram em março de 2024. Foi neste mês que o TCE-RJ determinou à Prefeitura Municipal de Saquarema a suspensão da transferência das parcelas dos recursos ao IDPI para que fossem feitos ajustes contratuais. A decisão do órgão se referia somente ao repasse do mês de maio, justamente para não gerar paralisação das atividades do programa, mas a Prefeitura não fez o último repasse trimestral em atraso.
Com a falta de pagamento vieram interrupção das aulas e a demissão de mais de 200 funcionários do programa desde o dia 3 de junho. Na época, o Conexão do Futuro já havia investido mais de R$ 88 milhões em profissionais, tecnologias, obras e adaptações de espaços.
“Meus filhos ainda sentem muito e sempre perguntam quando vão poder voltar às aulas fora da escola. Como mãe, eu também me sentia tranquila, porque sabia que ele e a irmã estavam seguros, fazendo o que gostavam. Eles tiveram acesso a atividades que eu não poderia proporcionar, como inglês, jiu-jitsu e robótica e sentem muita falta. Agora, eles ficam com a tia, mas o Conexão ajudava muito, tanto a mim quanto a eles”, explica Márcia, mãe de Geovanna George e João Guilherme.
*O espaço está aberto para manifestação do TCE-RJ e da Prefeitura de Saquarema
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