Negócio foi fechado em 2009 pela Câmara de Nova Iguaçu
O trecho mais importante da Rua Francisco Ferreira, no centro de Nova Iguaçu não é mais do povo. Aliás, nem existe mais. Foi tomado pelo Grupo Empresarial Marcelino Martins, que administra o Top Shopping. A via pública foi “vendida” pela Câmara de Vereadores em maio de 2009, em troca de uma compensação financeira de R$ 200 mil e a promessa de geração de mil empregos com a ampliação do shopping. O negócio foi concretizado há cerca de três meses, com o grupo tomando posse efetiva de uma área pública de 946 metros quadrados, que valeria hoje – se fosse comum comercializar uma via pública – segundo um especialista no assunto, cerca de R$ 8 milhões. Além de ter pago uma bagatela, o grupo descumpriu uma condição imposta no projeto aprovado pela Câmara, a de não demorar mais que 120 dias para iniciar as obras: levou quase quatro anos para começar…
A cessão do espaço foi defendida como um grande negócio para o município, pois possibilitaria a expansão do shopping, o que de fato começou a ser feito, com a promessa de um investimento de R$ 87 milhões, além da geração de cerca de mil empregos. Entretanto, quem conhece do riscado afirma que o negócio só foi bom mesmo para o grupo empresarial. A “venda” da rua foi autorizada por 14 dos então 21 vereadores, que decidiram votar com duas semanas de discussões, um projeto que foi apresentado pelo prefeito Lindberg Farias em 2007 e engavetado por dois anos no gabinete do Alexandre José Adriano, o Xandrinho, hoje deputado estadual pelo PV. Com a aprovação passou a ser propriedade do Grupo Marcelino Martins o trecho entre a Rua Nicolau Rodrigues e a Avenida Governador Roberto Silveira. A proposta de cessão da rua gerou muitas suspeitas, exatamente pelos dois anos de gaveta e a repentina vontade de Marcos Fernandes (à época presidente da Câmara) em acelerar a aprovação.
O projeto foi apreciado em duas sessões. Na primeira os vereadores Marcos Rocha, Carlinhos Presidente, Jorge Marote, Marquinhos da Tia Megue, Xandrinho e Thiago Portela se retiraram do plenário. “Nos retiramos, não porque estávamos contra o projeto de ampliação do shopping, mas porque a mensagem do prefeito foi mandada sem levar em conta a contrapartida que é prevista em lei”, disse na época Thiago Portela, que fez uma oposição explícita, ao contrário de Carlinhos Presidente, Xandrinho e Marcos Rocha que sempre votaram com o governo, chegando até mostrar uma posição de certa subserviência.
A votação também serviu para levantar um questionamento: “Por que os vereadores que sempre votaram com o governo resolvem se unir a oposição de um homem só”? Naquele momento também, Thiago Portela esperava que Jorge de Austin e Anderson Santos votassem com ele. Os dois mudaram de ideia e o projeto foi aprovado em primeira sessão, mesmo sem a contra partida. Mesmo assim, o grupo que, naquele momento estava com Thiago, elaborou algumas emendas. A mais importante delas era de que a direção do Top Shopping deveria construir uma escola municipal de ensino fundamental, mas essa não foi aprovada.
Na segunda votação, Thiago esperava que o grupo ficasse com ele, mas Marote nem apareceu, Carlinhos Presidente e Marcos Rocha se retiraram da sessão. Xandrinho permaneceu e apresentou emenda para que fosse reservada uma sala para a instalação de um teatro. Venceu o bloco que não queria as emendas propostas pela oposição: Fernando Cid, Carlos Ferreira, Professora Marli, Rosangela Gomes, Bispo Marivaldo, Daniel da Padaria, Wilma Água Azul, Wilson de Carvalho, Fernando Nagi, Anderson Santos, Jorge de Austin, Pastor Laranja, Marcos Fernandes e Marquinhos da Tia Megue. O grupo derrubou 10 emendas e aprovou duas: uma determinando a destinação de R$ 200 mil para construção, reforma ou ampliação de algum bem público nos setores de Educação, Cultura e Lazer, escolhidos pelo governo e ainda que não ultrapassasse 120 dias, depois de tudo aprovado, para o início das obras.
O pior é que dessas tralhas todas o povo ainda reelegeu Carlos Ferreira, Carlinhos Presidente, Marcos Rocha, Marquinhos da Tia Megue, Anderson Santos, Marote e o Jorge de Austin. Que povinho sem vergonha, gente.
É verdade. O povo não aprende e depois reclama.
Boa tarde, Elizeu. É muita coisa ruim para uma Câmara só.
Foi uma pechincha. Será que ficou só nisso? Sei não…
Com essas figurinhas, a coisa pode ter saído um pouco mais caro. Esse pessoal não costuma dar mole nessas horas.
Que ruazinha barata essa, Elizeu?
Se essa essa moda pegar vão vender a cidade inteira, pois essa composição atual da Câmara é ainda pior.
Faço minhas as suas palavras. É muita tralha junta.
Essa nossa Câmara, amigos iguaçuanos, sempre foi um balcão de negócios. Isso vem desde a época de Sebastião Corredeira, Mário Marques e Nagi Almawy. Esses fizeram escola e muito bem feito.
A Câmara de Nova Iguaçu é a cada da vergonha, quer dizer, dos sem vergonha.