Prefeitura de Paty do Alferes escolhe pagar mais caro pelo serviço de iluminação pública contratando a mesma empresa de Caxias

Juninho Bernardes aumentou o faturamento da contratada em comparação ao gasto efetivo com o serviço em 2016

Que o município de Paty do Alferes recebe atualmente pelo menos cinco vezes mais dinheiro do que recebia de royalties do petróleo até a gestão passada todos por lá sabem. O que os mais antenados não entenderam até agora é o fato de a gestão do prefeito Eurico Pinheiro Bernardes Neto, o Juninho Bernardes, supostamente não adotar critérios mais rígidos no gasto dos recursos recebidos, percepção despertada pela escolha de uma empresa que apresentou proposta mais alta na licitação do serviço de iluminação pública daquela cidade do interior do estado do Rio de Janeiro. O questionamento é sobre a Concorrência Pública 006/2019 e já foi parar na Justiça. O que se quer saber é como a empresa Hashimoto Manutenção Elétrica e Comércio foi declarada vencedora do processo licitatório, mesmo cobrando R$ 875.903,76, quando uma concorrente se propôs a fazer por bem menos, aceitando receber R$ 632.636,00 por um ano de prestação do serviço.

Como matemática é uma ciência exata, e a diferença de preço para menos não pode ser ignorada em nenhum órgão público, os membros da Comissão Permanente de Licitação devem ter tido um grande motivo para desclassificar a empresa com melhor proposta e deixar de lado o princípio da economicidade. Para declarar a Hashimoto como vencedora, os encarregados das licitações na Prefeitura de Paty do Alferes inabilitaram a firma VitóriaLuz e mais uma concorrente. Agora, alegando que a administração municipal ignorou os princípios da impessoalidade, isonomia e da economicidade deixando a “vencedora” sozinha no certame, a VitóriaLuz impetrou mandado de segurança (confira aqui) com pedido de liminar para suspender o resultado do certame.

De emergência a aditivos faturamento foi só aumentando – Moradores do município dizem que o serviço de iluminação pública em Paty do Alferes não é lá essa coisa toda, e que tem deixado muito a desejar, mas, ao que parece, o prefeito deve estar muito satisfeito com a atuação da Hashimoto, pois o faturamento dela aumentou bastante desde que Juninho Bernardes começou a governar a cidade.

A Hashimoto foi levada para aquele município na gestão do prefeito Rachid Elmor (PDT), ganhando um contrato emergencial. Meses depois foi declarada vencedora do Pregão 119/2013, firmando um contrato com valor global de R$ 644.161,71 e validade de um ano. Desde então o contrato passou a ser renovado através de termos aditivos, até a realização da Concorrência 006-2019, agora judicializada.

De acordo com documentos que o elizeupires.com disponibiliza aqui, durante o exercício de 2016 – último ano do mandato de Rachid – a Hashimoto recebeu R$ 472.841,22, faturamento que saltou para R$ 571.200,24 em 2017, primeiro ano da gestão de Juninho Bernardes. Segundo revelam ainda os documentos, a empresa recebeu o total de R$ 663.791,11 em 2018 e R$ 611.617,78 entre 1º de janeiro e 31 de outubro deste ano.

Contratos altos em Caxias e investigação em Cabo Frio – Atuando em vários municípios fluminenses, nos quais chega sempre através de um contrato emergencial (sem licitação), a Hashimoto é uma das prestadoras de serviços que mais faturam junto à Prefeitura de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Representada nos processos administrativos por Igor dos Reis Luiz Mendes, a empresa firmou em Caxias contratos que somam mais de R$ 110 milhões, todos assinados na gestão do prefeito Washington Reis.

Em dezembro de 2017 a Hashimoto foi citada a Operação Basura, realizada pela Polícia Federal em Cabo Frio, na qual foram presas quatro pessoas, entre elas o presidente da Companhia de Serviços Públicos de Cabo Frio (Comsercaf), Claudio Moreira, apontado como responsável por irregularidades em vários contratos emergenciais através da autarquia, que representaram gastos de mais de R$ 60 milhões.

Entre os contratos investigados estavam os da coleta de lixo, locação de veículos, ambulâncias e manutenção do sistema de iluminação pública. No caso do contrato da iluminação a Polícia Federal chegou a usar como parâmetro na investigação o gasto feito com o mesmo serviço pela Prefeitura de Guarulhos. A cidade paulista tem cerca de seis vezes mais moradores que Cabo Frio e gastava na época R$ 140 mil por mês, enquanto a Hashimoto foi contratada pela Comsercaf por R$ 1.529.957,91 por um período de apenas três meses, o equivalente a cerca de R$ 510 mil mensais.

O espaço está aberto para manifestação da Prefeitura de Paty do Alferes.

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