Na minha infância feliz, lá no meu universo chamado Mirai, vivi grandes aprendizados. Aprendi com a austeridade do professor Álvaro, com o brilho espiritual de dona Marieta, com as lambadas do cinto do meu pai e, principalmente, com a dedicação das professoras Maria Ester Miranda, Maria do Carmo, Maria Celeste e Maria das Graças Loures Esperança, mas verdadeiras lições de vida me foram dadas por um jardineiro, o funcionário público que cuidava dos jardins da pracinha existente em frente ao prédio da Prefeitura, fazendo da sua a função mais nobre.
Nunca soube o nome completo do homem que dispensava um carinho todo especial à pracinha que meus olhos de menino sonhador viam como um bosque encantado. Sei apenas que ele chamava-se Osório e a molecada o “batizara” de “Sr. Osorinho”, por ser ele só um pouquinho mais alto que os meninos que como eu faziam daquela praça o local preferido nas tardes miraienses.
Para mim o trabalho do “Sr. Osorinho” era mais importante que o do prefeito, superior até aos ofícios religiosos do padre Ernesto. Vereador eu não conhecia nenhum, mas o “Sr. Osorinho” eu sabia até onde morava. O jardineiro era, para mim, maior que qualquer político da cidade. Ele era tão dedicado que hoje, acredito, deve estar cuidando dos majestosos jardins celestiais.