Há exatos três anos publiquei o texto abaixo em homenagem aos trabalhadores do Brasil inteiro. Voltei a ele hoje, pois duas das personagens citadas estão em situações diferentes. Broa já não mais lava carros no Edicar. Está com 20 anos, tem uma filha de seis meses e conseguiu um emprego muito melhor, no qual ganha pelo menos cinco vezes mais. Jomar deixou o Posto BR, pois conseguiu comprar um táxi. Ambos avançaram por seus esforços e determinação. A continuar assim irão muito mais longe, pois não há crise suficiente para derrubar aquele que sabe aonde quer chegar e insiste na caminhada, mesmo que a estrada seja de pedra. Afinal, como disse o teólogo inglês William George Ward há mais de 150 anos, “o pessimista se queixa do vento, o otimista espera que ele mude e o realista ajusta as velas.”
Aos trabalhadores… com muito carinho
(publicado no dia 1º de maio de 2013)
Broa tem 17 anos e batalha por seus sonhos desde os 12. Desconheço a razão do apelido, mas sei que Jhonatan de Souza olha para frente como quem sabe o que quer da vida… Dá duro o dia inteiro lá no Edcar – é o meu lavador preferido – e à noite vai para a escola pública buscar o futuro nos livros e nos ensinamentos dos professores do nível médio. Jomar tem 39 anos e há 15 me abastece o carro. Seu filho, de 19, com ele trabalha no mesmo Posto BR e à noite vai à faculdade por dias melhores. Germano já passou dos 70. Está aposentado e a Previdência Social lhe paga R$ 900 por mês. É na entrega de jornais em domicílios que ele completa a renda familiar. O reforço na receita é necessário para pagar os estudos da neta Thamara, seu xodó.
Esses três exemplos de trabalhadores fazem parte do meu cotidiano. Converso muito com eles, e sempre aprendo alguma coisa. Um está no começo da vida laborativa, outro no meio, e o terceiro – depois de mais de 50 anos de trabalho – era para estar descansando há muito tempo. Germano é o retrato do trabalhador brasileiro: labora anos a fio, e depois de aposentado ainda tem de dar o seu jeito. Salve eles, salve nós todos…
Hoje é 1º de maio, o Dia do Trabalho. A data passou a ser comemorada em homenagem aos operários que, em 1886, organizaram uma greve na cidade de Chicago (EUA), para reivindicar a redução da jornada de trabalho de 13 para 8 horas diárias. O movimento se repetiu no dia 4 de maio daquele ano e foi batizado de Revolta de Haymarket. Nessa manifestação morreram trabalhadores e policiais, mas a vitória foi dos operários: no ano de 1889 o Congresso Internacional Socialista, em Paris, decidiu pela organização anual, em todo 1º de maio, de manifestações operárias pelo mundo, na defesa da jornada máxima de 8 horas diáriias.
No Brasil os trabalhadores começaram a se organizar após a chegada de imigrantes europeus. Eles vieram com suas ideias de organização e leis em favor dos trabalhadores. Deu certo e em 1917 aconteceu uma greve que parou a indústria e o comércio em todo o país. Sete anos depois, em 1924, o presidente Artur Bernardes decretou o dia 1º de maio como feriado nacional.
Os mais atentos vão dizer que eu, por certo, esqueci de quem cuida de mim e de minha casa, uma trabalhadora cuja dedicação não pode ser remunerada por dinheiro algum. Bem, não me esqueci e jamais me esqueceria da Vilma, pois essa é um misto de tudo: amiga, irmã, secretária e, inclusive, mãe.
É em nome dela, do Broa, Jomar e do Germano que desejo a todos um feliz Dia do Trabalho. E, como operário que sou, não abro mão de descansar hoje, mas prometo voltar amanhã, às oito em ponto, se o Grande Pai assim me permitir.
Texto incrível e inspirador!
Amanhã vou repassar para minha equipe de vendas.
Algumas pessoas possuem dentro delas, a MOTIVAÇÃO para continuar superando as adversidades , já outras, precisam ser lembradas que o ser humano é extremamente adaptável e portanto completamente capaz de mudar qualquer coisa em sua vida desde que saibam onde querem chegar.
Obrigada pelo texto.
Volto mais determinado ao trabalho hoje depois de ter lido esse texto.
Sem luta não há vitória e o que essa crônica nos faz é incentivar a seguir em frente.
De forças renovadas por esse texto estou indo para o batente.