● Elizeu Pires
“Quando morre um homem, morremos todos, pois somos parte da humanidade.” Essa é um das muitas passagens profundas do romance “For Whom the Bell Tolls” (Por quem os sinos dobram), escrito em 1940 pelo autor norte-americano Ernest Hemingway, narrando a história de um professor de inglês, Robert Jordan, um jovem que ingressou nas Brigadas Internacionais, tornou-se especialista em explosivos e recebeu a missão de explodir uma ponte. Jordan e outros personagens acabaram fracassando, porque viram nos inimigos seres humanos que poderiam estar em qualquer lado nessas guerras idiotas travadas por bestas que se dizem grandes líderes.
“Por quem os sinos dobram” não tem nada a ver com o Natal. Os sinos de Hemingway badalam nos despertando a pensar sobre a condição humana, nos leva a refletir sobre as decisões tomadas pelos loucos que se reúnem em gabinetes luxuosos para remapearem o mundo de acordo com seus interesses, transformando pais e filhos em soldados, inserindo-os numa luta que não é deles, colocando-os à serviço da morte e da destruição.
A guerra narrada nesse romance foi tão absurda quantos as reais, mas os personagens, inclusive os que morreram, fizeram uma grande descoberta: são seres humanos e não monstros ou máquinas.
Por que vou lá no fundo da memória e rebusco “For Whom the Bell Tolls”? É porque no mundo de hoje, quando a violência nos leva a necessidade de pedir desculpas até a quem pisa em nossos pés, precisamos despertar para a consciência de que somos todos seres humanos, inclusive quem puxa o gatilho.
Com esse texto tento chamar a uma reflexão todos aqueles que me leem: o inglório tem de ser deixado de lado, pois uma luta só vale se for mesmo pelo verdadeiro bem comum.
Feliz Natal para todos. Fiquem na paz de Deus.
*Texto publicado originalmente em 24 de dezembro de 2011