“Vou entrar de cabeça erguida e sair de peito estufado” (Luiz Inácio Lula da Silva)
Quando, no dia 4 de março de 2016, o juiz Sergio Moro determinou, ao arrepio da lei, a condução coercitiva do ex-presidente Lula, eu dizia a um grupo de amigos com os quais almoçava em Macaé, que o Judiciário estava fabricando um herói. Não deu outra. Iniciou-se a comoção que torna o ex-metalúrgico imbatível nas urnas. Agora Moro voltou a dar um empurrão a favor de Lula, quando, com pressa em prendê-lo, pisou mais uma vez no devido processo legal, pois a ação ainda não transitou em julgado nem na segunda instância. Ao expedir o mandado de prisão numa ação na qual o ex-presidente foi condenado sem provas, na base da convicção do magistrado e do achismo conveniente dos “meninos de ouro” do MPF, o Judiciário externa que os que querem dominar o paí no grito estão é morrendo de medo de um operário que conquistou o mundo.
Já disse isto várias vezes e volto a repetir. O combate à corrupção é necessário e pode realmente passar o país a limpo, mas dizer, por convicção e não com base em provas, que um apartamento pertence a João, mesmo que José – o proprietário no papel – nunca o transferisse para João e ainda usasse o imóvel como garantia para pagamento de uma dívida de sua empresa junto a um banco oficial – não ajuda em nada a Operação Lava Jato.
Sem a observância da lei, nada dá certo e o caso de Lula, além de não ser garantia de justiça, nos expõem lá fora como ridículos, como filhos não de uma nação, mas de uma republiqueta. Coloca-nos diante da insegurança jurídica que afugenta os investidores e nos entrega a todos nas mãos desses que, se agem fora da lei contra o político com maior apoio popular de toda a história do pais, poderão fazer ainda pior a nós outros, simples mortais.
Dito isto, aviso aos que batem palmas e acham que o abuso é justificável para moralizar o pais: cuidado, pois quem extrapola a autoridade contra um gigante, não pensará duas vezes antes de atropelar o pequenino.