“As coisas mais mesquinhas enchem de orgulho os indivíduos baixos.” Lembrei-me hoje do que William Shakespeare disse há 420 anos e certamente, por estas linhas, serei crucificado pelos mesquinhos que, no extremo da ignorância, alegraram-se com a morte de uma criança, vítima duas vezes: primeiro da meningite que ceifou sua vida, depois, da insensibilidade que toma conta de extremistas, gente esquisita sem dó nem piedade. O corpo de Arthur, neto do ex-presidente Lula, foi cremado neste sábado em São Bernardo do Campo e, enquanto o avô, pais, tios e amigos o velavam, idiotas se manifestavam nas redes sociais, alegrando-se com a dor família. Pensei que as manifestações de ódio acabariam com a posse do presidente Jair Bolsonaro. Mas não. Prolonga-se com o esforço de uma militância de imbecis, estende-se Brasil a fora com a marcha de um exército de psicopatas…
Lula foi julgado, condenado e está cumprindo a sentença em Curitiba. De lá, creio, não sairá tão cedo, mas o que uma coisa tem a ver com a outra? O pequeno Arthur nem tinha nascido quando o avô era presidente da República, mas ai vem um bando de babacas festejar sua morte com comentários na grande rede, manifestando-se com ironia e sarcasmo. Teve até quem dissesse que a morte do menino é um castigo de Deus sobre as costas de Lula.
Quem age desta forma não tem em si espaço para amor, compaixão ou qualquer outro sentimento que valha apena. Os que assim se manifestaram soltaram o monstro que lhes povoa o interior. Para esses deixo mais um pouquinho de Shakespeare: “A raiva é um veneno que bebemos esperando que os outros morram.”