Elizeu Pires
Em entrevista veiculada pela Folha de São Paulo o prefeito do Rio reclamou de que há preconceito em relação ao fato de ele ser um bispo evangélico. Marcelo Crivella protesta dizendo que tudo o que ele faz para proteger a família ganha um viés ideológico, que a imprensa o confunde o prefeito com o bispo e noticia que é um ato de censura.
No caso do livro que ele tentou recolher na Bienal não se pode dizer que não foi censura, mas ele justificou seu abuso de autoridade afirmando que na obra que pretendia tirar de circulação estava escrito “rebolar o bumbum”.
Só que a frase é outra. O diálogo diz “levantar o traseiro”, o mesmo que “mova-se”, “saia daí”. É como se o carioca já cansado do pior governo da história da cidade, chegasse para ele e dissesse: “Levanta dessa cadeira e mete o pé da Prefeitura, porque não aguentamos mais!”
Marcelo Crivella vem misturando CNPJ com CPF desde que assumiu a Prefeitura. Vocês se lembram da Márcia, aquela assessora especial para assuntos de interesse dos evangélicos? Pois é. Então, é o bispo na cadeira do prefeito.
Todo censor tem a defesa da família como alegação para tudo. Com Marcelo Crivella e os seus seguidores não é diferente. Se ele está tão preocupado com a família assim, deveria orientar os pastores de sua seita a não aceitarem as doações daqueles pobrezinhos que, iludidos pela promessa da prosperidade, só faltam lhes dar as roupas do corpo.
Os noticiários estão cheio de casos de pessoas que deram casa, carro e dinheiro de compromisso.
Teve aquele comerciante que tentou recuperar o dinheiro que tinha guardado para pagar fornecedores de sua loja, e foi parar numa das filiais da igreja do Crivella, porque a esposa achou que Deus iria devolver em dobro. O homem ficou no prejuízo e ninguém pensou na proteção da família deste cidadão.