Tem candidato achando que Porto Real é espólio de família, observam os mais antenados do pequeno município fluminense

Emancipado de Resende e instalado como município no dia 1º de janeiro de 1997, Porto Real, no Sul Fluminense, ganhou autonomia político-administrativa, mas, ao que parece, tem gente se achando dono da cidade, confundindo uma unidade do estado do Rio de Janeiro como herança política de família. Pelo menos é o que apontam observadores atentos às campanhas do deputado Alexandre Serfiotis (PSD) e Silvia Bernardelli (Cidadania), ele filho do ex-prefeito Jorge Serfiotis e ela filha de Sergio Bernardelli, primeiro governante da história do município. Para algumas lideranças locais, ambos parecem estar disputando não o direito de governar a cidade, mas a posse de um patrimônio familiar.

O pai de Silvia exerceu dois mandatos seguidos e colecionou processos que o deixaram inelegível por muito tempo. Foi sucedido pelo pai de Alexandre em 1º de janeiro de 2005. Já falecido, Jorge Serfiotis, que também teve dois mandatos consecutivos, elegeu sua então vice (Maria Aparecida Rocha) como sucessora e faleceu no primeiro semestre de um terceiro mandato, conquistado em outubro de 2016. Sem condições de concorrer Bernardelli está fora do jogo político, mas ainda assim quer voltar ao poder, mesmo que indiretamente, enquanto os Serfiotis tentam retomar o controle com Alexandre.

A disputa entre Alexandre e Silvia é classificada como “o confronto entre núcleos que achariam que o município realmente lhes pertencesse e não povo que nele reside e o sustenta com o pagamento de impostos e taxas”.

Prisão e denúncia de extorsão – No dia 20 de junho de 2019 o juízo da Vara Única de Porto Real determinou a prisão de Adriano Serfiotis, irmão de Alexandre. Ele foi denunciado pelo Ministério Público por supostamente ter tentado extorquir o prefeito Ailton Marques, que era vereador até ser convidado a compor a chapa que venceu as eleições de 2016. Pelo que foi denunciado, Adriano e outros acusados – Halysson Guilber Muri de Freitas, Michael Cardoso Santana e Rodrigo Costa Caldeira – teriam pressionado Marques a pagar uma suposta dívida no valor de R$ 2 milhões, dinheiro que teria sido emprestado para a campanha eleitoral.

Um dos presos, Halysson, aparece como dono da AGM Ambiental, com sede na Avenida Carmem Miranda, S/N, Quadra24 Lote 25, Chácaras Rio – Petrópolis, Duque de Caxias, com capital social de R$ 150 mil, enquanto Rodrigo tem duas empresas sediadas em um único endereço (Rua Conde de Porto Alegre, 119, Sala 702, Jardim 25 de Agosto, Duque de Caxias), a Transportes Primus Santana e Transportes Asss, com a soma de R$ 120 mil em capital social, segundo consta de cadastro junto à Receita Federal.

Pelo que foi apurado até agora, o prefeito foi chamado no dia 24 de abril de 2019 a um escritório mantido por Adriano para uma reunião, tendo encontrado no local quatro homens armados. Segundo o próprio Ailton relatou, o grupo estava lá para cobrar uma dívida de R$ 2 milhões, soma que estaria relacionada a campanha do ex-prefeito Jorge Serfiotis.

Uso de helicóptero – Ainda segundo as investigações, depois desse encontro o grupo voltou à Porto Real. Dessa vez quatro homens chegaram de helicóptero numa tentativa de intimidar o prefeito. A polícia foi acionada e eles foram levados para prestar esclarecimentos na Delegacia local e liberados em seguida. Só que o caso já estava sendo investigado pelo Ministério Público.

Adriano foi solto no dia 19 de julho do ano passado por decisão do desembargador Marcus Bazílio, da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que concedeu habeas corpus acatando o argumento da defesa de que Adriano somente entrou em contato com o prefeito para esse fosse em sua residência, onde Ailton teria sido ameaçado para que pagasse a suposta dívida.

*O espaço está aberto para os citados na matéria.

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