Elizeu Pires
No dia 25 de março de 2020, quando vinha se recusando a tomar medidas restritivas para evitar o avanço do novo coronavírus, ele dizia que a orientação era manter as igrejas abertas porque a cura viria de lá, “dos pés do Senhor”. Dezoito dias depois, ele, o prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis (foto) foi internado em um hospital da Zona Sul em estado grave, indo buscar a cura numa das mais caras unidades particulares de saúde, ficando o “dos pés do Senhor” apenas como uma expressão demagógica. A Covid-19 é uma avassaladora realidade, mas esse “irmão” não parece ter escrúpulo algum em expor o seu povo a riscos, como se tem visto nesses dias de pandemia.
O cara abraça idosos, aperta mãos e beija. Faz tudo isso sem máscara. Provoca aglomerações e engarrafamentos quilométricos para dizer que sua rede de saúde está imunizando, dando a falsa impressão de que tem vacina para todos. Descumpre as regras do plano nacional de imunização na maior cara de pau, e ainda acha que está certo. Errados estão os jornalistas, “esses tralhas” – como ele e alguns dos seus costumam se referir a profissionais de imprensa, também chamados de “repórteres do mal” – que insistem em mensurar o tamanho da irresponsabilidade do prefeito da maior e mais rica cidade da Baixada Fluminense.
De cena em cena, o menos votado entre os eleitos nas quatro maiores cidades da região está aguardando um julgamento no Supremo Tribunal Federal que vai decidir o futuro dele. Se perder estará longe de disputas políticas por um tempo, ficando fora do jogo em 2022, ano que pretende concorrer a governador do Rio de Janeiro, mas já avisou que se contentaria em disputar um mandato de senador com o compromisso de uma candidatura ao Palácio Guanabara em 2026.
Só que, pelo andar da carruagem, mesmo com uma vitória no STF, WR não conseguirá nenhuma das duas, pois somente os que dele dependem demonstram querer vê-lo candidato. Hoje ele não tem apoio de nenhum dos prefeitos da região, muito pelo contrário. Há outros concorrentes a lhes merecer atenção,
Na última sexta-feira a Justiça deu uma trava no “todo-poderoso”, determinando que ele cumpra as regras do programa nacional, mas não há nenhuma garantia de que Reis vá se enquadrar. Afinal, o cara é o “Rei da Baixada”, embora se comporte mais como bobo da corte quando circula sem máscaras e provoca aglomerações.