Campanha eleitoral entra na reta final e a apreensão toma conta da cidade

A campanha eleitoral no município de Magé entra na reta final com os números de uma pesquisa eleitoral – divulgada na última sexta-feira e publicada na edição de domingo pelo jornal O Dia – apontando o favoritismo do candidato do PPS, Rafael Santos de Souza, o Rafael Tubarão, com cerca de 15 pontos percentuais sobre o segundo colocado, o postulante do PR, Renato Cozzolino Harb, 45,2% a 29,7%. Porém, mais que os números dessa consulta registrada na Justiça Eleitoral sob o número RJ-00121/2016, chama a atenção entre a população mais esclarecida o clima de apreensão, com a memória remetida a um passado não muito distante, quando membros da família Cozzolino foram apeados do poder pela Justiça, depois de uma série de escândalos, denúncias de corrupção e operações policiais que mancharam o nome do município.

As imagens da ex-prefeita Núbia Cozzolino correndo atrás do povo na Praça Nilo Peçanha, as fotografias de uma sede de governo cercada pelas forças de segurança do estado e as páginas de um vasto noticiário policial envolvendo mãe e tios do postulante do PR ainda estão muito vivas e talvez seja creditado a isso o elevado índice de rejeição (29,2%) apontado na mesma consulta de intenção de votos. Na tarde de ontem, durante uma caminhada pelas ruas de Piabetá, os gritos da ex-prefeita ao microfone chamavam a atenção pelo tom agressivo que fazia ecoar um certo desespero a externar que o grupo estaria precisando – e muito – ganhar a disputa que se encerrará nas urnas, no próximo domingo.

Entre os servidores o que assombra são as lembranças de um tempo de perseguições, transferências, corte de direitos adquiridos e até demissões sem justa causa de funcionários efetivos. Na população, o que se percebe é o medo de a cidade voltar a ser assombrada pelos fantasmas que já se pensava exorcizados. “Hoje na rede de ensino temos liberdade para trabalhar e discutir propostas de trabalho. Isso não era possível antes e tememos perder essa tranquilidade a partir do próximo ano. Quem conhece a realidade que enfrentamos no passado sabe muito do que estou falando”, enfatiza uma professora da rede municipal de ensino.

Presente nas comunidades mais pobres do município nos atos de campanha, a ex-prefeita é mantida estrategicamente distante dos bairros nos quais o assistencialismo não funciona como argumento e nestes Renato apresenta um discurso diferente, enfatizando que sua mãe e os tios não participariam de uma eventual gestão sua, mas uma das lembranças que mais assustam é a de membros da família comandando setores importantes da administração municipal. A mãe, a ex-deputada Jane Cozzolino – que recentemente teve prisão decretada pela Justiça, mas conseguiu um habeas corpus – bem como o tio Anderson Cozzolino, o Dinho, também não tem sido vista na campanha, o que também é apontado como estratégia para evitar um desgaste ainda maior. Porém, gritos a  parte, quem assistiu a manifestação político-eleitoral promovida pelo clã na tarde de segunda-feira percebeu mais uma coisa: a família que governou Magé por cerca de 20 anos já viveu dias melhores…