Investigação pode tirar Chiquinho do controle em Araruama

Mesmo inelegível, ex-prefeito é apontado como governante de fato na cidade

● Elizeu Pires

Chiquinho, Lívia, Russo e mais três pessoas são citados na ação de investigação judicial eleitoral

Se achando a maior liderança da Região dos Lagos, o ex-prefeito de Araruama Francisco Carlos Fernandes Ribeiro, o ex-Chiquinho do Atacadão, agora Chiquinho da Educação, ainda dá as cartas na política local, onde, dizem os mais atentos, seria o governante de fato, embora sua companheira, Lívia Soares Bello da Silva, a Lívia de Chiquinho, é que tenha sido eleita.

Porém, esse suposto controle exercido por ele pode estar por um fio, pois uma ação de investigação judicial eleitoral por abuso do poder econômico, político e de autoridade, além de captação ilícita de sufrágio ajuizada contra ele, a prefeita e outras quatro pessoas, pode frustrar a pretensão de continuar mandando no município, possivelmente lançando em 2024 a candidatura da vice-prefeita Raiana Soares Berling, batizada politicamente como Raiana de Chiquinho.

No processo estão incluídos ainda Raiana, o vereador Carlos Alberto Siqueira da Silva, o Russo, o empresário Lucas Gomes da Silva e Maria Ignez Calvo de Souza Gomes, responsável pela Casa do Trabalhador local, órgão do governo estadual envolvido no esquema de contratações fantasmas do Ceperj. Se as denúncias forem comprovadas e os investigados condenados, os citados poderão ficar inelegíveis por pelo menos oito anos, o que tiraria Raiana e Russo do páreo, pois o que se comenta nos ambientes políticos da cidade, é que o vereador estaria contado para formar chapa com ela nas eleições municipais de 2024.

Na ação ajuizada no Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro sob número 0606276-92.2022.6.19.0000, o advogado Luiz Paulo Viveiros de Castro lembra que Chiquinho chegou a pedir registro de candidatura a deputado estadual, mas por estar inelegível renunciou e laçou em seu lugar a vice-prefeita, que fez campanha casada com Russo – que concorreu a deputado federal –, com apoio de Chiquinho e Lívia.

Sociedade – Viveiros de Castro cita no processo que o empresário Lucas Gomes seria sócio do vereador, e que existiram “fortes indícios de que se trata do real financiador das campanhas”. Castro destaca na representação que a outra pessoa citada, Maria Ignes Calvo de Souza Gomes “é mãe de Lucas, pessoa de confiança de Russo e coordenadora do projeto Casa do Trabalhador em Araruama”, órgão que teria sido usado na campanha.

“Em Araruama, as redes sociais dos ora investigados anunciaram a inauguração da Casa do Trabalhador. O vereador e candidato a deputado Federal Carlos Russo, ao lado da prefeita Lívia de Chiquinho e do então pré-candidato Francisco Ribeiro, bem como a vice-prefeita Raiana Bering, que em 2020 transformou-se em Raiana Alcebíades, hoje é Raiana de Chiquinho apresentaram-se como representantes do governo do estado em Araruama, sendo o primeiro identificado (Russo) como o grande padrinho da Casa do Trabalhador”, cita um trecho da representação, na qual o advogado pontua que a coordenadora convocava “os servidores a comparecer a eventos políticos de Carlos Russo – até mesmo fora da cidade – e também a engajar as publicações do vereador nas redes sociais com curtidas, comentários e compartilhamentos”.

Material de propaganda e dinheiro – Em relação ao então candidato a deputado federal Russo cita um registro policial do dia 18 de agosto deste ano, a partir de uma denúncia de crime eleitoral, dando conta de que o empresário Lucas Gomes foi flagrado em seu carro no bairro Olaria, no Rio, transportando material de campanha do político e de Chiquinho – que ainda não tinha renunciado – e a quantia de R$ 138 mil.

Viveiros de Castro diz na representação, que em depoimento o empresário alegou que naquele dia estava fazendo uma pesquisa de valores numa gráfica do bairro e que o dinheiro seria usado para pagar um fornecedor em Santo Antônio de Pádua. “Na verdade, o que se vê nas redes sociais de Russo, sócio de Lucas, é uma forte campanha na Cidade de Santo Antônio de Pádua”, destaca o advogado na ação.

*O espaço está aberto para manifestação dos citados na matéria.

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