Atropelo de Costa Neto pode levar o PL a perder deputados

Mergulho de cabeça no golpismo para agradar Bolsonaro deixa os mais sensatos desconfortáveis no partido

● Elizeu Pires

“Valdemar comprou uma briga a qual não pode vencer e tende a ficar isolado”, avaliam observadores mais atentos

Operando como garoto de recado de Jair Bolsonaro, o presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, saiu metendo os pés pelas mãos e se deu mal. A loucura de se pretender anular os votos computados por parte das urnas no segundo turno rendeu ao partido uma multa de R$ 22 milhões, além da insatisfação dos membros mais sensatos da legenda, que entendem que em nome do bolsonarismo o Partido Liberal foi longe demais.

A malandragem ilógica de que as urnas – que também foram usadas no primeiro turno – podem ter sido fraudadas no segundo, mostrou ao país um líder partidário senão imbecil, de má-fé, com essa opção sendo a mais provável. Baseado no fajuto estudo sobre as urnas feito por um “especialista”, Valdemar partiu para cima da Justiça Eleitoral, no que foi apoiado por um dos caciques (são muitos no estado) do partido no Rio de Janeiro, o sempre governista Altineu Cortes Freitas Coutinho, esse mais preocupado em agradar ao senador Flávio Bolsonaro, que poderia lhe tirar espaço no governo fluminense.

Agora – com os ataques terroristas contra os três poderes – o mesmo pau-mandado se apressou em tentar proteger seu tutor, dizendo que o ex-presidente da República não tem nada a ver com isso, esquecendo-se de que Jair Bolsonaro passou o tempo todo atacando as instituições e pregando uma fraude que só aconteceu na cabeça dos seus amestrados, isso sem falar na trapalhada da minuta do golpe, batom na cueca encontrada pela Polícia Federal na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, outro pau-mandado do ex-presidente.

Mas como nada com um dia após o outro, mais que a multa, o PL deverá pagar outra conta pesada, a saída de alguns parlamentares, inclusive de eleitos no Rio de Janeiro, e não poderá nem alegar infidelidade partidária, pois quem pretendeu mudar as regras do jogo democrático foi o comando da legenda, que, apesar do estrondoso fundo eleitoral, corre sim sérios riscos de ser esvaziada.

No Rio tem muita gente pendendo para um posicionamento mais moderado, mas como moderação não é coisa comum a bolsonaristas e afins, a porta de saída deverá ser mesmo serventia da casa, pois os que menos pior pensam acham que o senador Flávio Bolsonsaro vai atropelar todo mundo, pois precisará abrigar sob o manto do governo estadual radicais que ficaram a ver navios, e isso pode tirar muitos cargos da bancada de sustentação de Castro, já que, além do senador e de Altineu, tem outro esfaimado em se tratando de poder, o deputado estadual e predileto do governador, Rodrigo Bacellar.

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