Porto Real quer saber quem está governando

Doente, prefeito raramente aparece, mas não se licencia para o vice-prefeito assumir

Apesar de ter sua importância reconhecida por todas as instituições sérias do Brasil, a denúncia anônima não tem validade na pequena Porto Real, cidade de cerca de 20 mil habitantes, no Sul Fluminense. O presidente da Câmara Gilberto Caldas decidiu arquivar uma solicitação que pedia a abertura de uma Comissão Especial de Investigação (CEI) para apurar a ausência do prefeito Jorge Serfiotis, que já estaria há algumas semanas fora da Prefeitura. Caldas preferiu usar o microfone para atuar como advogado do prefeito e, sem avaliar o conteúdo, muito menos a gravidade da denúncia, virou-se contra o denunciante anônimo e fez vista grossa para o caos administrativo na cidade, com a ausência do prefeito sem a autorização da Câmara.

Inquéritos importantes já foram abertos pelo Ministério Público a partir de denúncias anônimas que depois de investigadas geraram ações judiciais e condenações aos denunciados. O que o cidadão anônimo pretendia era apenas que os vereadores apurassem a ausência do prefeito que, pela lei, não pode ficar mais do que 15 dias fora sem autorização da Câmara, mesmo em caso de doença. Se o Legislativo se omitiu o MP certamente não o fará, pois a representação recusada pelo presidente da Casa foi enviada à Promotoria de Justiça.

Fato de conhecimento público em toda a cidade, que Gilberto Caldas finge não enxergar, Jorge Serfiotis estaria com sérios problemas de saúde, o que teria, inclusive, chegado a ameaçar sua posse em janeiro deste ano. Sem forças para andar, o chefe do Executivo foi visto há alguns dias deixando um hospital particular de Resende, cidade vizinha, sendo carregado nos braços por um sobrinho.   

“Recebemos denúncia anônima e pedimos o parecer técnico do jurídico sobre a veracidade do documento. A pessoa se diz cidadão de Porto Real, manda a denúncia pelos Correios, com o nome Carlos Henrique da Silva, mas foi em Barra Mansa enviar o documento. No início do texto diz que não poderia se identificar por medo de represália. Ou seja, um ato covarde. Como presidente tenho responsabilidade com essa Casa e os vereadores. Se a pessoa não tem coragem de se identificar não vamos expor algo que foi jogado ao vento. Não tem fundamento. Retiro de pauta”, justificou o presidente, tentando desqualificar o documento.

Já o denunciante afirmou que “foram poucas as vezes que o prefeito esteve nas dependências da Prefeitura”. Segundo ele, Serfiotis quase não é visto por que tem ido frequentemente ao Rio para tratamento médico. “Podemos concluir que algo de muito sério e errado está ocorrendo, pois não há como tapar o sol com a peneira, posto ser certo que o gestor não tem condições de ficar a frente dos trabalhos do Executivo”, disse ele na denúncia descartada por Gilberto Caldas.

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