Presidente de direito “amarela” sob pressão do prefeito e do presidente de fato
A decisão judicial que afastou o vereador Roni Luiz Pereira, o Roni da Alexandre, da presidência da Câmara de Silva Jardim – em processo no qual ele é acusado do crime de peculato – acabou dando ao Poder Legislativo do pequeno município do interior fluminense dois comandantes, um de direito e outro de fato, pois mesmo afastado Roni estaria fazendo valer suas vontades e decisões por intermédio do seu substituto legal, o até então vice-presidente da Casa, Jazimiel Batista Pimentel, o Miel da Biovert. Pelo menos é o que ficou evidenciado na sessão de ontem, quando, sob pressão do prefeito Anderson Alexandre e do presidente afastado, Miel encerrou a reunião às pressas e mandou que os que lá estavam deixassem a “Casa do Povo”, tudo para que o grupo de oposição não elegesse na nova composição da Mesa Diretora. Longe dali, no escritório da sede de sua rede de farmácias, em Rio Bonito, o prefeito comemorou o servilismo do presidente de direito na defesa dos interesses do presidente de fato.
Formado pelos vereadores Adão Firmino, Ana Kelly da Silva Xavier, Norcivan Valviesse, Jaime Figueiredo Lima e Webster dos Santos Barcellos, o Binho da Agricultura, o grupo de oposição (hoje maioria na Câmara), aprovou uma resolução que determina nova eleição para presidente da Casa em caso de vacância do cargo, como ocorreu agora com a decisão do Tribunal de Justiça, que tirou Roni da cadeira. Ontem, horas antes do inicio da sessão, o prefeito anunciou a exoneração de todos os nomeados em cargos de Direção e Assessoramento Superior (DAS), como meio de pressionar os vereadores a desistirem da eleição. Como a pressão não funcionou o prefeito teria determinado que a sessão fosse tumultuada e encerrada mais cedo para que os opositores não tivessem tempo de concluir a votação, o que de fato ocorreu. Na saída, ao ser questionado sobre a pressa em encerrar a sessão, Miel foi deselegante e respondeu: “Encerrei porque encerrei”.
A manobra, entretanto, não garante vitória ao prefeito. Muito pelo contrário, pois os cinco vereadores (a Câmara tem nove membros) pretendem fazer a eleição na próxima quinta-feira e devem ir ainda mais longe, propondo a formação de uma comissão de inquérito para apurar denúncias de irregularidades atribuídas a Anderson Alexandre, que de janeiro de 2013 a outubro deste ano contou com a cobertura do então presidente Roni – que é empregado do prefeito –, para que nenhuma denúncia contra ele tivesse tramitação na Câmara.
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