Falta de bom senso acaba deixando marcas nos que se deixam levar e apostam tudo num jogo ao qual desconhecem

● Elizeu Pires

Em política, café com leite vai muito além da mistura das duas bebidas. É uma expressão linguística que remente aos tempos de criança, quando os menorzinhos eram aceitos na brincadeira, mas só para satisfazerem a vontade de participar. No esconde-esconde, por exemplo, o pique nunca ficava com eles.

Na Baixada Fluminense, essa expressão é lembrada a cada eleição, quando nomes desconhecidos, pessoas que não reuniriam apoio nem para disputar a presidência de uma associação de moradores ou de um time de futebol de várzea, se manifestam como candidatos.

É claro que vivemos no estado democrático e de direito, e que todos os que estão em pleno exercício dos direitos políticos – desde que filiados a um partido – podem pleitear um mandato eletivo, bastando para isso que seus nomes sejam aprovados nas convenções e apresentados à Justiça Eleitoral para registro das candidaturas. Porém, há que se ter bom senso.

Em algumas cidades tem desconhecidos ao extremo se anunciando pré-candidatos a prefeito, mesmo sabendo que uma campanha eleitoral demanda recursos financeiros em valores consideráveis, e que gastar sola de sapato apenas não os levarão a lugar algum.

Em se tratando de disputa eleitoral vontade é coisa que dá e passa, mas as consequências costumam doer e durarem uma eternidade para aqueles que, sabendo que não tem condições de entrar no jogo, se endividam além de suas capacidades e diante da derrota se desesperam.

O tão falado fundo partidário é uma ilusão, pois sua distribuição não é igualitária. Quem já se mostrou producente nas urnas em pleitos anteriores sempre será visto de maneira diferente, pois o que o partido quer é voto para fortalecer a legenda, e será nesse que investirá mais.

A eleição é para todos, mas se permitir servir de inocente útil é um preço muito alto a pagar.